Mais uma vez, como na SP passada, eu não irei colocar a síntese provisória, pois seria redundante. A aula foi interessante, meu grupo, com sempre, auxiliando ativamente na construção da síntese provisória. Ja na aula seguinte, da nova síntese, percebi que algumas pessoas do grupo estavam mais receosas de contribuir com a construção, não sei se por que, como a SP era mais simples, as respostas menores, as pessoas estavam com medo de falar a resposta e está errada. Enfim, conseguimos discutir as respostas e tivemos um bom proveito, e como sempre a professora levou a aula com excelência.
1 – Quais são as alterações fisiológicas do sistema cardiovascular do idoso? E os fatores que aceleram essas alterações?
1 – Quais são as alterações fisiológicas do sistema cardiovascular do idoso? E os fatores que aceleram essas alterações?
Com o envelhecimento, ocorrem mudanças progressivas no sistema cardiovascular que reduzem a reserva funcional e aumentam a vulnerabilidade a doenças. Essas mudanças são resultado do envelhecimento celular (senescência), estresse oxidativo crônico e inflamação subclínica.
Alterações fisiológicas:
Rigidez arterial aumentada:
A elastina da parede arterial é degradada e substituída por colágeno, mais rígido. Isso reduz a complacência dos vasos, elevando a pressão sistólica e ampliando a pressão de pulso.Hipertrofia ventricular esquerda (HVE):
O aumento da pós-carga (resistência à ejeção) leva ao espessamento concêntrico do miocárdio, mesmo sem hipertensão. Isso afeta o relaxamento ventricular e prejudica o enchimento diastólico.Redução da resposta cronotrópica:
Com o tempo, há menor sensibilidade dos receptores β-adrenérgicos e diminuição das catecolaminas na resposta ao estresse. O coração tem menor capacidade de acelerar os batimentos sob demanda (exercício ou estresse).Disfunção diastólica:
Devido à rigidez do ventrículo esquerdo, há dificuldade de relaxamento e enchimento, especialmente em situações que exigem aumento de débito cardíaco.Fibrose do sistema de condução:
As estruturas de condução cardíaca (nó sinoatrial, feixe de His) sofrem fibrose, predispondo a bradiarritmias e bloqueios atrioventriculares.Alteração na regulação da pressão arterial:
Os barorreceptores tornam-se menos sensíveis, dificultando o ajuste postural da pressão. Isso contribui para a hipotensão ortostática.Redução da ação da renina.
Fatores que aceleram essas alterações:
Hipertensão não controlada: Comum em idosos, o estresse crônico na parede dos vasos danifica o endotélio, facilitando a aterosclerose e reduzindo a elasticidade vascular.
Diabetes mellitus: A prevalência aumenta com a idade, e a hiperglicemia acelera a disfunção endotelial, o estresse oxidativo e a inflamação, potencializando danos vasculares em idosos.
Dislipidemias (LDL elevado, HDL baixo): Comum em idosos, o desequilíbrio lipídico contribui para o acúmulo de colesterol nas artérias, sendo o LDL oxidado particularmente prejudicial, enquanto o HDL baixo dificulta a remoção do excesso de colesterol.
Tabagismo: Mesmo em idades avançadas, o tabagismo continua a causar danos endoteliais, inflamação, estresse oxidativo e alterações na coagulação, elevando significativamente o risco cardiovascular em idosos.
Sedentarismo: A inatividade física, frequente em idosos, agrava outros fatores de risco como obesidade, hipertensão, diabetes e dislipidemia, prejudicando a saúde vascular.
Dieta rica em gorduras saturadas e sódio: Maus hábitos alimentares ao longo da vida contribuem para a elevação do LDL e da pressão arterial, acelerando a aterosclerose em idosos.
Doença renal crônica: Mais prevalente em idosos, a DRC aumenta drasticamente o risco cardiovascular devido a alterações metabólicas, inflamação, estresse oxidativo, dislipidemia e hipertensão.
Inflamação crônica (inflammaging): A inflamação crônica de baixo grau, característica do envelhecimento, contribui significativamente para o desenvolvimento e progressão da aterosclerose em idosos, tornando as placas mais instáveis e aumentando o risco de eventos trombóticos.
Fonte:
FREITAS, E. V. et al. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
2 – Como os hábitos de vida contribuem para a prevenção de doenças cardiovasculares no idoso?
O estilo de vida saudável é o principal fator de prevenção e controle das doenças cardiovasculares, mesmo em idosos. Intervenções sobre hábitos têm efeito terapêutico superior ou equivalente a muitos medicamentos em indivíduos com risco cardiovascular leve a moderado.
Contribuições dos hábitos saudáveis:
Atividade física regular:
Melhora a sensibilidade à insulina, reduz a pressão arterial, melhora o perfil lipídico (aumenta HDL, reduz triglicerídeos), reduz inflamação e melhora a função endotelial. Também ajuda na manutenção da massa muscular e controle do peso.Alimentação equilibrada:
Dietas como a dieta DASH e dieta mediterrânea são protetoras cardiovasculares. Ricas em vegetais, frutas, grãos integrais, azeite de oliva, peixes e com restrição de sódio e gorduras trans.Evitar o tabagismo:
O tabaco é o maior fator de risco evitável para doenças cardiovasculares. A cessação reduz rapidamente o risco de eventos cardiovasculares.Redução do consumo de álcool e controle do estresse:
O estresse crônico e o álcool em excesso aumentam a atividade simpática e os níveis de cortisol, que elevam a pressão arterial e induzem inflamação vascular.Sono de qualidade:
O sono inadequado se associa ao aumento da PA, da glicemia e à obesidade.
📚 Fonte:
BRAUNWALD, E. Tratado de Doenças Cardiovasculares. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.
OPAS/MS. Guia Alimentar para a População Brasileira, 2014.
3 – Quais são os exames diagnósticos para a avaliação cardiovascular do idoso?
A avaliação cardiovascular no idoso deve ser individualizada, considerando as limitações físicas, cognitivas e comorbidades. Os exames visam detectar doença isquêmica, insuficiência cardíaca, arritmias e valvopatias.
Exames mais utilizados:
Eletrocardiograma (ECG):
Simples, detecta arritmias (ex: FA), bloqueios de ramo, sobrecarga de câmaras e sinais de isquemia.Ecocardiograma transtorácico:
Avalia função ventricular sistólica e diastólica, hipertrofia, valvopatias (estenose aórtica comum em idosos).MAPA (24h):
Detecta HAS oculta, padrão não dipper e hipotensão postural.Holter 24h:
Registra arritmias paroxísticas, pausas sinusais e extrassístoles.Teste ergométrico:
Limitações físicas podem inviabilizá-lo. Em casos indicados, pode ser substituído por teste de imagem com estresse farmacológico (eco ou cintilografia).BNP/NT-proBNP:
Úteis na avaliação de dispneia e no rastreio de insuficiência cardíaca descompensada.Cateterismo cardíaco/Angiotomografia:
Indicados para avaliação coronariana em idosos com angina ou disfunção ventricular de causa incerta.
📚 Fonte:
FREITAS, E. V. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 4. ed. 2017.
4 – Quais são as doenças mais prevalentes cardiovasculares nos idosos?
As doenças cardiovasculares representam a principal causa de morte no idoso, e sua prevalência aumenta com a idade.
Principais doenças:
Hipertensão arterial sistêmica (HAS):
60% dos idosos têm HAS. Está associada à rigidez arterial, disfunção endotelial e alteração da autorregulação.Insuficiência cardíaca (IC):
Frequentemente com fração de ejeção preservada (ICFEP), mais prevalente em mulheres idosas com comorbidades como HAS e DM.Doença arterial coronariana (DAC):
Inclui angina e infarto do miocárdio. A aterosclerose é o mecanismo central.Fibrilação atrial:
Altamente prevalente a partir dos 70 anos. Associada a aumento do risco de AVC e insuficiência cardíaca.Valvopatias degenerativas:
Estenose aórtica calcificada é a principal, seguida de insuficiência mitral.Doença cerebrovascular (AVC):
Consequente à HAS, FA e aterosclerose carotídea.
Fonte:
FREITAS, E. V. Tratado de Geriatria e Gerontologia, 2017.
5 – O que são doenças crônicas?
Doenças crônicas são enfermidades de curso prolongado, progressivo e de controle contínuo. Não possuem cura na maioria dos casos, mas têm manejo clínico com foco na redução de complicações e melhora da qualidade de vida.
Características:
Curso evolutivo lento
Duração superior a 6 meses
Presença de múltiplos fatores de risco
Impacto funcional e psicológico significativo
Requerem seguimento contínuo e multiprofissional
Exemplos:
Hipertensão
Diabetes mellitus
DPOC
Doença renal crônica
Insuficiência cardíaca
Osteoartrose
Fonte:
Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica – Doenças Crônicas, 2014.
6 – Fisiopatologia de doenças inflamatórias crônicas cardiovasculares
O exemplo mais importante é a aterosclerose, que hoje é compreendida como uma doença inflamatória crônica da parede arterial.
Etapas da fisiopatologia da aterosclerose:
Lesão endotelial:
Provocada por dislipidemia (LDL oxidada), hipertensão, tabaco e glicemia elevada.Adesão de monócitos e linfócitos ao endotélio danificado:
Infiltram a íntima vascular e iniciam resposta inflamatória.Formação de células espumosas:
Macrófagos fagocitam LDL oxidada e se transformam em células espumosas → estrias gordurosas.Inflamação crônica:
Liberação de citocinas pró-inflamatórias (TNF-α, IL-1, IL-6) que promovem a instabilidade da placa.Crescimento da placa aterosclerótica e possível ruptura:
A ruptura leva à exposição do conteúdo lipídico → formação de trombo → infarto agudo do miocárdio ou AVC.
Outros mecanismos:
A inflamação crônica de baixo grau (inflammaging) é característica do envelhecimento e contribui para o agravamento da disfunção endotelial e da progressão da placa.
Fonte:
KUMAR, V.; ABBAS, A.; ASTER, J. Robbins & Cotran - Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 10ª ed. Elsevier, 2018.