Nesta aula, faltei a construção da nova síntese por motivos pessoais, e acabei não participando da sua construção. Na aula seguinte, trouxemos nossas respostas e construímos no quadro um conjunto das informações estudadas e trazidas por cada aluno. Irei deixar abaixo a síntese provisória mais as minhas respostas:


PROBLEMAS:


P1: dorme em média 4 horas por dia, troca a noite pelo dia no trabalho

P2: sofreu acidente

P3: desacordado, respirando bem e pulsos arteriais cheios

P4: dor nas costas e não está sentindo direito as pernas


HIPÓTESES:


H1: devido ao trabalho, dorme poucas horas durante a noite, o que acaba prejudicando uma rotina saudável (P1) (P2)

H2: possível lesão na coluna (P2) (P4)


QA’S:


1 - O que é consciência e inconsciência?

2 - Quais são os níveis de inconsciência?

3 - Como é a neurofisiologia da consciência?

4 - O que é sono e vigília? E como o sistema do sono e vigília funciona?

5 - Quais são as percepções táteis?

6 - Descreva as vias responsáveis pelas percepções táteis?

7 - Descreva a diferença de urgência e emergência?

RESPOSTAS:

1. O que é consciência e inconsciência?

A consciência pode ser definida, sob o ponto de vista neurocientífico, como a capacidade do sistema nervoso central de integrar, interpretar e responder a estímulos internos e externos, permitindo a percepção de si e do ambiente. É composta por dois eixos interdependentes: o nível de consciência (também chamado de vigília ou alerta) e o conteúdo da consciência (as experiências subjetivas, cognitivas e sensoriais). O nível de consciência é regulado predominantemente por estruturas do tronco encefálico e da formação reticular ativadora ascendente (FRAA), enquanto o conteúdo da consciência envolve circuitos talâmico-corticais, com destaque para o córtex pré-frontal e regiões associativas.

A inconsciência, por sua vez, é um estado em que há perda total ou parcial da capacidade de percepção do eu e do ambiente, com prejuízo da resposta aos estímulos. Pode ser fisiológica, como ocorre durante o sono, ou patológica, como nos estados comatosos, sendo caracterizada por alterações no nível de consciência, no conteúdo ou em ambos.

Referências:
- Guyton, A. C., & Hall, J. E. Tratado de Fisiologia Médica, 14ª ed. Elsevier, 2021.
- Bear, M. F., Connors, B. W., & Paradiso, M. A. Neurociências: desvendando o sistema nervoso, 4ª ed. Artmed, 2017.
- Kandel, E. R. et al. Princípios de Neurociência, 5ª ed. AMGH, 2014.

2. Quais são os níveis de inconsciência?

Os níveis de inconsciência são graduados conforme a profundidade da alteração no nível de consciência, sendo definidos a partir da resposta a estímulos verbais, táteis e dolorosos, além da preservação de reflexos do tronco encefálico. Os principais níveis incluem:

1. Sonolência (obnubilação): Redução leve do estado de alerta, com lentidão cognitiva e sonolência, mas ainda responsivo a estímulos verbais.
2. Letargia: Redução mais intensa da resposta aos estímulos; o indivíduo acorda com estímulos verbais intensos, mas retorna rapidamente ao sono.
3. Torpor: Estado de quase inconsciência, com resposta apenas a estímulos dolorosos vigorosos. A fala é incompreensível ou ausente.
4. Coma: Ausência total de resposta consciente a estímulos externos, incluindo estímulos nociceptivos. Subdivide-se em:
    - Coma superficial: reflexos de tronco preservados.
    - Coma profundo: ausência de reflexos troncoencefálicos.
5. Estado vegetativo persistente: Retorno do ciclo sono-vigília, com abertura ocular, mas sem consciência de si ou do meio.
6. Estado de consciência mínima: Há evidência mínima, porém consistente, de percepção ou interação com o ambiente.
7. Síndrome do enclausuramento (locked-in): Consciência preservada com perda quase total da motricidade, geralmente por lesão na ponte ventral.

Referências:
- Posner, J. B., et al. Plum and Posner's Diagnosis of Stupor and Coma, Oxford University Press, 2007.
- Garcia, M. T. M. Semiologia Médica, Guanabara Koogan, 2022.
- Bear et al., Neurociências, Artmed, 2017.

3. Como é a neurofisiologia da consciência?

A consciência resulta da atividade coordenada de estruturas do sistema reticular ativador ascendente (SRAA), do tálamo e do córtex cerebral, que constituem o chamado "eixo consciência".

- A formação reticular localizada no tronco encefálico (especialmente ponte e mesencéfalo) atua como um sistema difusor de alerta. Ela projeta fibras ascendentes para o tálamo e diretamente para o córtex cerebral, sendo responsável pelo nível de vigília e atenção.
- O tálamo, particularmente seus núcleos intralaminares, funciona como um núcleo integrador, retransmitindo informações entre o tronco e o córtex e promovendo a sincronização da atividade cortical.
- O córtex cerebral, especialmente o pré-frontal, parietal posterior e cíngulo anterior, integra funções cognitivas superiores, percepção consciente, memória de trabalho, julgamento e autoreflexão.

Essas estruturas formam circuitos talamocorticais recíprocos, com base em neurotransmissores excitatórios como glutamato e inibitórios como GABA, além de modulação dopaminérgica, colinérgica, noradrenérgica e serotoninérgica. A ruptura desse circuito em qualquer ponto (ex: trauma, isquemia, lesão difusa cortical) pode levar à perda de consciência.

Referências:
- Kandel et al., Princípios de Neurociência, AMGH, 2014.
- Guyton & Hall, Tratado de Fisiologia Médica, 2021.
- Bear et al., Neurociências, 2017.

4. O que é sono e vigília? E como o sistema do sono e vigília funciona?

O sono é um estado fisiológico cíclico de atividade cerebral reduzida, associado à diminuição do nível de consciência, metabolismo e resposta ao ambiente. A vigília é o estado de alerta, atenção e responsividade a estímulos externos, com função ativa do córtex e da formação reticular.

O ritmo sono-vigília é regulado por um sistema homeostático (necessidade de sono) e um ritmo circadiano, coordenado pelo núcleo supraquiasmático do hipotálamo. O ciclo circadiano é influenciado pela luz ambiente, que regula a secreção de melatonina pela glândula pineal.

- A formação reticular ativadora ascendente é crucial para manter a vigília, por meio da liberação de acetilcolina, norepinefrina, dopamina e serotonina.
- Durante o sono, áreas pré-ópticas do hipotálamo (especialmente o núcleo VLPO) inibem a formação reticular por meio de GABA, induzindo o sono NREM.
- O sono REM, caracterizado por atividade cortical intensa, atonia muscular e sonhos vívidos, é controlado por núcleos pontinos e depende da atividade colinérgica.

O sono é dividido em dois grandes estágios:
- Sono NREM (estágios N1, N2 e N3): maior profundidade e repouso fisiológico.
- Sono REM: consolidação da memória, atividade onírica, flutuações autonômicas.

Referências:
- Guyton & Hall, Tratado de Fisiologia Médica, 2021.
- Bear et al., Neurociências, 2017.
- Machado, A. B. M. Neuroanatomia Funcional, 3ª ed., Atheneu, 2016.

5. Quais são as percepções táteis?

As percepções táteis constituem parte do sistema somatossensorial e envolvem estímulos mecânicos captados por receptores específicos na pele e tecidos subjacentes. Classificam-se em:

1. Tato epicrítico (discriminativo): percepção fina de toque, forma, textura e localização precisa.
2. Tato protopático (grosseiro): percepção menos discriminativa de toque e pressão. Associado a dor e temperatura.
3. Pressão: percepção de força aplicada continuamente sobre a pele.
4. Vibração: percepção de estímulos rítmicos de alta ou baixa frequência.
5. Propriocepção: percepção da posição e movimento das articulações e músculos.

Os principais mecanorreceptores responsáveis por essas sensações são:
- Corpúsculo de Meissner: tato fino.
- Corpúsculo de Pacini: vibração.
- Corpúsculo de Merkel: pressão e forma.
- Corpúsculo de Ruffini: estiramento.
- Terminações nervosas livres: dor, temperatura e tato grosseiro.

Referências:
- Machado, A. B. M. Neuroanatomia Funcional, 2016.
- Bear et al., Neurociências, 2017.

6. Descreva as vias responsáveis pelas percepções táteis

As vias somatossensoriais são divididas em dois sistemas principais:

1. Sistema da coluna dorsal–lemnisco medial (via epicrítica):
- Responsável por: tato fino, vibração, propriocepção.
- Trajeto:
  - Neurônio primário entra pela raiz dorsal e sobe ipsilateralmente na medula (fascículo grácil – membros inferiores; cuneiforme – membros superiores).
  - Sinapse nos núcleos grácil e cuneiforme (bulbo).
  - Decussação (cruzamento) para o lado oposto formando o lemnisco medial.
  - Projeção para o tálamo (núcleo ventral posterolateral) e depois para o córtex somatossensorial primário.

2. Sistema anterolateral ou espinotalâmico (via protopática):
- Responsável por: dor, temperatura, tato grosseiro.
- Trajeto:
  - Neurônio primário entra pela raiz dorsal, faz sinapse imediata.
  - Neurônio secundário cruza para o lado oposto na comissura anterior da medula.
  - Sobe no funículo anterolateral até o tálamo.
  - Projeta-se para o córtex somatossensorial.

Referências:
- Machado, A. B. M. Neuroanatomia Funcional, 2016.
- Kandel et al., Princípios de Neurociência, 2014.

7. Descreva a diferença de urgência e emergência

Segundo a classificação adotada pelo Ministério da Saúde e pela literatura médica, os conceitos de urgência e emergência diferem quanto à iminência de risco à vida ou função de órgãos:

- Emergência: situação aguda com risco imediato à vida ou à integridade de órgãos vitais, exigindo intervenção médica rápida. Exemplos: parada cardiorrespiratória, choque, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral.
- Urgência: condição clínica que, embora não coloque em risco iminente a vida, requer assistência médica precoce para evitar complicações. Exemplos: crise hipertensiva sem lesão de órgão-alvo, febre alta persistente, fratura estável.

Essa diferenciação orienta protocolos de triagem, priorização e alocação de recursos em serviços de pronto-atendimento.

Referências:
- Ministério da Saúde. Acolhimento e classificação de risco nos serviços de urgência – Caderno 1. Brasília: 2012.
- Otrenti, E. M. Urgência e Emergência em Enfermagem, Manole, 2019.