Nessa SP, pedi ao chat GPT para me sugerir algumas biografia diferente das que estou sempre utilizando. Achei interessante, realizei a atividade com elas. O Cocco é mais completo porém esses livros são mais específicos, gostei de utiliza-los nessa SP, mas para um estudo geral, eu não os utilizaria.
Perguntas:
1)O que são vírus e como ocorre sua reprodução e perpetuação no organismo?
2)Como o sistema imunológico age em resposta às infecções virais? (Imunidade inata e adaptativa)
3)Qual a função do IgG e IgM e qual as suas funções sobre uma infecção viral?
4)Qual o mecanismo da memória imunológica e como a vacina atua sobre esse sistema?
5)Como funciona a transmissão e manifestação da dengue e quais os tipos de dengue ?
Respostas:
1-
Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, ou seja, dependem da maquinaria de uma célula hospedeira para se reproduzir. Eles são compostos basicamente por material genético (DNA ou RNA) envolto por uma capa proteica (capsídeo) e, em alguns casos, por um envelope lipoproteico.
A reprodução viral ocorre em várias etapas:
Adsorção: O vírus se liga a receptores específicos na superfície da célula hospedeira.
Penetração: O vírus entra na célula, por endocitose, fusão ou translocação.
Desnudamento: O capsídeo é removido, liberando o genoma viral.
Replicação e Síntese: O genoma viral utiliza a maquinaria da célula para replicar seu material genético e produzir proteínas virais.
Montagem: As novas partículas virais são montadas a partir do genoma e das proteínas virais.
Liberação: Os novos vírus são liberados da célula, por lise ou brotamento.
A perpetuação viral no organismo se dá por diferentes mecanismos:
Latência: O vírus permanece inativo na célula, podendo ser reativado posteriormente.
Integração ao Genoma: O genoma viral se insere no DNA da célula hospedeira, sendo replicado junto com ele.
Variação Antigênica: O vírus sofre mutações, alterando seus antígenos de superfície e dificultando o reconhecimento pelo sistema imune.
Evasão da Resposta Imune: O vírus interfere nos mecanismos de defesa do hospedeiro.
A principal diferença na reprodução entre vírus de DNA e RNA reside no local de replicação e nas enzimas envolvidas no processo.
Vírus de DNA:
Replicação: Geralmente ocorre no núcleo da célula hospedeira, aproveitando a maquinaria celular para replicar seu DNA e transcrever seus genes em RNA mensageiro (mRNA).
Enzimas: Utilizam principalmente DNA polimerase do hospedeiro para replicar seu DNA, e RNA polimerase para transcrever seus genes. Alguns vírus de DNA carregam suas próprias polimerases.
Exemplo: Herpesvírus, Adenovírus, Papilomavírus humano (HPV).
Vírus de RNA:
Replicação: Ocorre predominantemente no citoplasma da célula hospedeira.
Enzimas: Dependem de RNA polimerases virais para replicar seu genoma e produzir mRNA. Essa dependência se deve ao fato de as células eucarióticas não possuírem enzimas capazes de replicar RNA. Alguns vírus de RNA carregam suas próprias polimerases, enquanto outros induzem a célula hospedeira a produzi-las.
Subtipos:
Vírus de RNA de fita positiva: Seu genoma atua diretamente como mRNA, sendo traduzido em proteínas virais pelos ribossomos da célula hospedeira. Exemplo: Coronavírus, Flavivírus (dengue, zika, febre amarela).
Vírus de RNA de fita negativa: Seu genoma precisa ser transcrito em mRNA complementar antes da tradução. Carregam sua própria RNA polimerase. Exemplo: Vírus da gripe, Vírus do sarampo, Rabdovírus (raiva).
Retrovírus: Possuem RNA como material genético, mas utilizam a enzima transcriptase reversa para converter seu RNA em DNA, que se integra ao genoma do hospedeiro. Exemplo: HIV.
Outras diferenças:
Taxa de mutação: Vírus de RNA geralmente têm taxas de mutação mais altas do que vírus de DNA, devido à menor fidelidade das RNA polimerases virais. Isso contribui para sua maior variabilidade e capacidade de escapar do sistema imune.
Local de montagem: A montagem de novos vírus pode ocorrer no núcleo ou no citoplasma, dependendo do tipo de vírus e das proteínas virais envolvidas.
Em resumo, a principal diferença na reprodução entre vírus de DNA e RNA está no local de replicação (núcleo vs. citoplasma) e nas enzimas envolvidas (DNA polimerase vs. RNA polimerases virais). Essa distinção tem implicações importantes para o desenvolvimento de terapias antivirais, que muitas vezes visam enzimas específicas do ciclo de replicação viral.
Fonte: Imunologia Coico
Fontes complementares:
Microbiologia de Tortora, Funke & Case
Biologia Molecular da Célula de Alberts et al.
Principles of Virology de Flint et al.
Murray, P. R., Rosenthal, K. S., & Pfaller, M. A. (2017). Microbiologia Médica
Levinson, W. (2016). Microbiologia Médica e Imunologia
2-
O sistema imunológico desempenha um papel crucial na defesa do organismo contra infecções virais, mobilizando uma resposta complexa e coordenada que envolve tanto a imunidade inata quanto a adaptativa. A imunidade inata, primeira linha de defesa, atua de forma rápida e inespecífica, reconhecendo padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs) presentes nos vírus através de receptores de reconhecimento de padrões (PRRs) em células como macrófagos e células dendríticas. Essa interação desencadeia a produção de citocinas pró-inflamatórias e interferons, que recrutam outras células imunes e inibem a replicação viral. Células Natural Killer (NK) também são ativadas, reconhecendo e destruindo células infectadas por vírus.
A imunidade adaptativa, por sua vez, é mais específica e tardia, mas confere memória imunológica. Linfócitos T citotóxicos (CD8+) reconhecem peptídeos virais apresentados por moléculas MHC classe I na superfície de células infectadas, levando à sua destruição. Linfócitos T auxiliares (CD4+) reconhecem peptídeos virais apresentados por moléculas MHC classe II em células apresentadoras de antígenos, como células dendríticas e macrófagos, e secretam citocinas que auxiliam na ativação de outras células imunes. Linfócitos B, estimulados por células T auxiliares e antígenos virais, diferenciam-se em plasmócitos, que produzem anticorpos específicos contra o vírus. Esses anticorpos neutralizam partículas virais, impedem sua entrada nas células e facilitam sua eliminação por fagocitose. A memória imunológica gerada pela resposta adaptativa permite uma resposta mais rápida e eficaz em caso de reinfecção pelo mesmo vírus.
Tortora, microbiologia
COICO, imunologia.
3-
IgG e IgM são classes de anticorpos, ou imunoglobulinas, que desempenham papéis cruciais na resposta imune adaptativa contra infecções virais.
IgG é a principal imunoglobulina presente no sangue e tecidos, sendo a mais versátil e abundante. Durante uma infecção viral, a IgG atua de diversas maneiras:
Neutralização: Liga-se diretamente às partículas virais, impedindo sua ligação e entrada nas células hospedeiras.
Opsonização: Reveste as partículas virais, facilitando sua fagocitose por macrófagos e neutrófilos.
Ativação do complemento: Desencadeia a cascata do sistema complemento, levando à lise de células infectadas e à amplificação da resposta inflamatória.
Citotoxicidade celular dependente de anticorpo (ADCC): Marca células infectadas para destruição por células NK (natural killer), que possuem receptores para a porção Fc da IgG.
IgM, por sua vez, é a primeira imunoglobulina a ser produzida em resposta a uma infecção. É encontrada principalmente no sangue e, devido à sua estrutura pentamérica, é altamente eficiente na aglutinação de partículas virais e na ativação do sistema complemento, contribuindo para a eliminação do vírus nos estágios iniciais da infecção. A IgM também pode neutralizar vírus, embora com menor eficiência que a IgG.
Em conjunto, IgG e IgM desempenham papéis complementares na resposta imune humoral contra infecções virais, atuando na neutralização, opsonização, ativação do complemento e ADCC, contribuindo para a eliminação do vírus e a recuperação do hospedeiro.
4-
A memória imunológica é a capacidade do sistema imunológico de reconhecer e responder de forma mais rápida e eficiente a um antígeno que já foi encontrado anteriormente. Esse processo é fundamental para a proteção duradoura contra doenças infecciosas e é a base da ação das vacinas.
Após o primeiro contato com um antígeno (resposta primária), linfócitos B e T específicos são ativados e se proliferam, gerando células efetoras que combatem a infecção e células de memória de longa vida. Essas células de memória permanecem no organismo, prontas para responder rapidamente em caso de reexposição ao mesmo antígeno. Na resposta secundária, as células de memória são rapidamente ativadas, produzindo uma resposta mais rápida e intensa, com maior produção de anticorpos e células T efetoras, o que leva à eliminação do antígeno antes que ele cause doença.
As vacinas atuam justamente explorando esse mecanismo de memória imunológica. Elas contêm antígenos atenuados ou inativados do patógeno, que estimulam a resposta primária sem causar a doença. Com isso, o sistema imune produz células de memória específicas para aquele antígeno. Em caso de exposição futura ao patógeno, a resposta secundária é desencadeada, impedindo o desenvolvimento da doença ou atenuando seus sintomas.
Microbiologia Médica" de Murray, Rosenthal e Pfaller
COICO
5-
A dengue é uma doença viral transmitida pela picada de mosquitos infectados, principalmente o Aedes aegypti. O vírus da dengue é um flavivírus de RNA de fita positiva, o que significa que seu material genético pode ser diretamente traduzido em proteínas pela maquinaria celular do hospedeiro.
A transmissão ocorre quando um mosquito fêmea infectado pica uma pessoa, inoculando o vírus na corrente sanguínea. O vírus então se liga a receptores na superfície de células do sistema imune, como monócitos e macrófagos, e entra nessas células. Uma vez dentro da célula, o RNA viral é traduzido em proteínas, incluindo uma RNA polimerase viral, que replica o genoma viral. Novas partículas virais são montadas e liberadas da célula, infectando outras células e espalhando-se pelo organismo.
A manifestação da dengue varia de assintomática a grave, com sintomas como febre alta, dores musculares e articulares intensas, dor de cabeça, náuseas, vômitos e erupções cutâneas. Em alguns casos, a dengue pode evoluir para formas hemorrágicas, com sangramentos e comprometimento de órgãos, podendo ser fatal. Existem quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). A infecção por um sorotipo confere imunidade duradoura contra o mesmo, mas aumenta o risco de desenvolver formas graves da doença em caso de infecção subsequente por um sorotipo diferente, devido a um fenômeno imunológico chamado de "amplificação dependente de anticorpo".
A amplificação dependente de anticorpo (ADE, do inglês Antibody-Dependent Enhancement) é um fenômeno imunológico paradoxal em que a presença de anticorpos pré-existentes, ao invés de proteger contra a infecção, facilita a entrada do vírus nas células e aumenta sua replicação, levando a uma forma mais grave da doença.
No contexto da dengue, a ADE ocorre principalmente em indivíduos que já foram infectados por um dos quatro sorotipos do vírus da dengue e, posteriormente, são expostos a um sorotipo diferente. Os anticorpos gerados na primeira infecção, embora neutralizem o vírus homólogo, podem se ligar de forma ineficaz ao vírus heterólogo, sem neutralizá-lo. Esses complexos vírus-anticorpo são reconhecidos por receptores Fc em células do sistema imune, como macrófagos, facilitando a entrada do vírus nessas células. Uma vez dentro dos macrófagos, o vírus se replica intensamente, aumentando a carga viral e a gravidade da doença. A ADE é um dos principais fatores responsáveis pelas formas hemorrágicas da dengue, que podem levar a complicações como choque, sangramentos e falência de órgãos.
Microbiologia Médica" de Murray, Rosenthal e Pfaller
COICO
Curiosidades:
O vírus da dengue infecta principalmente células do sistema imune, como monócitos, macrófagos e células dendríticas. Essas células expressam receptores na sua superfície, como DC-SIGN, CLEC5A e TIM-3, que o vírus utiliza para se ligar e entrar na célula. Uma vez dentro da célula, o vírus se replica e causa sua morte, liberando mais partículas virais para infectar outras células.
A hemorragia na dengue é um fenômeno complexo e multifatorial, ainda não completamente elucidado. Acredita-se que a combinação de diferentes fatores contribua para o sangramento:
Resposta imune exacerbada: A infecção pelo vírus da dengue desencadeia uma resposta inflamatória intensa, com liberação de citocinas e quimiocinas que aumentam a permeabilidade vascular, facilitando o extravasamento de sangue dos vasos.
Lesão direta do endotélio: O vírus pode infectar diretamente as células endoteliais que revestem os vasos sanguíneos, causando sua disfunção e aumentando a fragilidade vascular.
Disfunção plaquetária: A infecção também pode afetar a função das plaquetas, células responsáveis pela coagulação sanguínea, levando à trombocitopenia (diminuição do número de plaquetas) e à formação de coágulos anormais.
Amplificação dependente de anticorpo (ADE): Em casos de infecção secundária por um sorotipo diferente do vírus da dengue, a ADE pode levar a uma infecção mais grave, com maior replicação viral e liberação de citocinas pró-inflamatórias, o que aumenta o risco de hemorragia.
A combinação desses fatores pode levar a manifestações hemorrágicas, como petéquias (pequenas manchas vermelhas na pele), sangramentos nasais, gengivais e gastrointestinais, e, em casos graves, hemorragias internas e choque, que podem ser fatais.
Fontes:
Microbiologia Médica - Murray, Rosenthal e Pfaller
Virologia Médica - Knipe e Howley
Principles of Virology - Flint et al.