Como em toda aula, iniciamos o dia construindo a nova síntese da SP passada que ja disponibilizei na secção 2.5. No início da aula elegemos um redator e eu fiquei responsável por esse trabalho! Então, iniciamos o novo assunto tão esperado, metabolismo e o trabalho com a sonhada bioquímica. Me trouxe um sentimento nostalgico devido ao fato de eu ja ter estudado bioquímica anteriormente quando cursei biologia na UFSCAR em 2014. Porém os estudos foram bem diferentes, está sendo uma abordagem muito mais branda e superficial. O grande problema pra mim é só que na hora de estudar, fico um pouco perdido de até aonde minha busca de conhecimento para uma boa realização da prova deve ir. Não que buscar esse conhecimento a mais seja perda de tempo, pelo contrário, irá me ajudar com certeza no futuro, porém para o manejo do tempo, você acaba dando prioridades a assuntos que deveriam ser priorizados mais na frente no curso. Eu sugeriria existirem editais mais explicativos no inicio do semestre ditando exatamente o conteúdo que irá ser abordado. A descrição do conteúdo curricular é muito rasa de detalhes e atrapalha um pouco o estudo posteriormente. Bem, continuando sobre a aula.
Iniciamos a segunda aula com a formulação dos problemas e hipóteses a cerca do texto fornecido pela professora. Fui para o quadro, como fui o redator dessa vez, e iniciamos a leitura e análise do texto:
SP 3.1 – Tempos difíceis
João Soares, adolescente de 16 anos, estudante do 2o ano do ensino médio noturno, trabalha em
uma grande rede de supermercados como auxiliar de empacotamento, emprego que conseguiu a
partir do programa Jovem Aprendiz.
Mora com sua mãe, auxiliar de limpeza, seu pai, atualmente desempregado, e seus dois irmãos
menores, que frequentam a Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) de seu bairro.
Devido às condições de vida de sua família, trabalha intensamente durante o dia e à noite não tem
disposição para participar das aulas, sentindo-se fraco e sonolento.
Procurou atendimento médico na UBS de seu bairro e, após consulta inicial, o médico constatou um
peso de 106,4 kg para uma altura de 1,70m. Durante a consulta, referiu realizar várias refeições,
com alimentos como biscoitos, doces, massas de preparação instantânea e refrigerantes. Não
consumia frutas e hortaliças e não tinha tempo nem vontade para realização de exercícios físicos.
Esses hábitos alimentares eram seguidos por toda a sua família. Exames complementares ainda
evidenciaram um desequilíbrio entre ingestão e o gasto energético. Sua dieta era desequilibrada,
gerando assim alterações no metabolismo energético e aumento da deposição de gordura
abdominal.
Foi orientado sobre uma dieta balanceada, obedecendo à nova pirâmide alimentar, e recebeu um
plano alimentar adequado para suas necessidades, mas se mostrou resistente às mudanças
sugeridas. O médico ainda revelou que não há limites para o armazenamento de gordura no tecido
adiposo e que seu excesso na região abdominal está fortemente ligado ao desenvolvimento de
doenças cardiovasculares.
João saiu do consultório assustado, porém um pouco mais consciente de que para poder aproveitar
a vida de forma mais saudável deveria reduzir as quantidades de carboidratos na dieta e realizar
exercícios periodicamente.
Problemas:
João tem uma rotina de trabalho intensa durante o dia e a noite, não tem disposição p/ os estudos, sentindo-se fraco e sonolento.
Peso de 106,4 p/ uma altura de 1,70 IMC (36,81)
João tem uma má alimentação (baixo volume nutricional, rico em gordura e açúcares e ultra processados), não consome frutas e hortaliças.
João é sedentário, sem vontade e aptidão p/ práticas de exercícios físicos.
Rotina alimentar da família Inadequada.
João possui um desequilíbrio entre gasto e ingestão energética, constatado por exames.
João tem aumento da gordura abdominal.
João é resistente às mudanças sugeridas
João possui risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Hipóteses:
João sente-se fraco e sonolento devido ao conjunto: uma jornada de trabalho intensa, rotina de estudos, alterações metabólicas (dieta pobre em nutrientes), insônia e problemas psicológicos.
João apresenta obesidade grau 2.
João, devido a sua falta de tempo, falta de informação, hábitos familiares e condição socioeconômica, consome alimentos práticos, baratos e de baixo valor nutricional e que dão sensação de prazer.
João possui uma doença de base (testosterona baixa, hipotireoidismo) que prejudica sua disposição p/ realizar atividade física.
A baixa disposição de João está associada a carência de nutrientes e a baixa condição socio-econômica.
João apresentou alterações em glicemia, triglicérides, colesterol, hemograma.
João é resistente à mudanças devido a falta de informação e estigmas sociais e baixa autoestima.
QA's:
1- Quais são os nutrientes necessários para o bom funcionamento metabólico?
2- Definir carboidrato e seus tipos
3- O que é IMC, como é calculado, suas classificações e limitações
4- Como o carboidrato é absorvido no sistema digestório e como ele é metabolizado?
5- O que é e como é composta a pirâmide alimentar, e a classificação dos seus grupos?
6- Qual a relação entre a ingestão energética e o gasto energético?
Em seguida, eu trouxe para a turma as seguintes respostas:
1- Para entender os nutrientes necessários para o bom funcionamento metabólico, é preciso primeiro entender o que é metabolismo e o que são nutrientes. O metabolismo é didaticamente dividido em duas fases: catabólica e anabólica. Embora ambas as estampas estejam continuamente ativas nos organismos, de acordo com a necessidade, uma torna-se mais operante que a outra. A fase anabólica, que ocorre quando o indivíduo está se alimentando, é responsável pelo armazenamento de substâncias e pela síntese dos estoques de nutrientes. A fase catabólica, por outro lado, característica do jejum, consiste na quebra dos estoques justamente para disponibilizar nutrientes para o organismo produzir energia ou manter a normoglicemia. Já nutrientes, são substâncias contidas nos alimentos, que pode ser definido como tudo aquilo que é ingerido com o intuito de saciar a fome, e que desempenham funções específicas no organismo. Os nutrientes necessários para o funcionamento metabólico são classificados em dois grandes grupos básicos, os macronutrientes, que são compostos de: carboidratos, lipídios e proteínas. E os micronutrientes, que são compostos de: vitaminas e minerais. O primeiro grupo é caracterizado por fornecer energia ao organismo. Ele é constituído por meio dos alimentos que compõem as maiores porções na dieta, por isso o termo macronutriente. Já os micronutrientes são biorreguladores, pois atuam modulando processos metabólicos, como partes de enzimas e outras estruturas, porém não são capazes de fornecer energia.
FONTE:
Nutrição e Metabolismo, aplicados à atividade motora (Lancha Jr, AH; Pereira-Lancha, LO)
Bases da bioquímica molecular, estruturas e processos metabólicos (Aline Sampaio Cremonesi)
2- Os carboidratos podem ser definidos como sendo poliidroxialdeídos ou poliidrocetonas, ou ainda substâncias que pela hidrólise fornecem esses compostos. Os carboidratos podem ser classificados em três grupos principais, monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. Os monossacarídeos são açúcares simples que não podem ser hidrolisados a unidades menores em condições razoavelmente suaves. Os monossacarídeos mais simples, de acordo com a nossa definição e com a fórmula empírica, são a aldose gliceraldeído e o seu isômero, a cetose diidroxiacetona. Esses dois açúcares são trioses, pois contém três átomos de carbono. Assim, os monossacarídeos podem ser descritos não apenas pelo grupo funcional, como também pelo número de átomos de carbono que possuem. Os monossacarídeos mais comuns encontrados nos alimentos e que absorvemos para transformar em energia são: glicose, frutose e galactose. Os oligossacarídeos são polímeros hidrolisáveis de monossacarídeos, contendo de duas a seis moléculas de açúcares simples. Assim, os dissacarídeos, que são formados por 2 moléculas de monossacarídeos e amplamente encontrados em alimentos consumidos regularmente, são oligossacarídeos. Os mais comuns são: maltose (formado por 2 moléculas de glicose); Sacarose (formado por uma molécula de frutose e uma de glicose) e Lactose (formada por uma molécula de galactose e glicose). Os oligossacarídeos, em sua grande maioria, são compostos cristalinos, solúveis em água e possuem sabor doce. Os polissacarídeos são cadeias muito compridas, ou polímeros de monossacarídeos, e podem ter estrutura linear ou ramificada. Se for constituído de um único tipo de monossacarídeo, o polissacarídeo será um homopolissacarídeo. Se dois ou mais tipos de monossacarídeos são encontrados no polímero, este é chamado de heteropolissacarídeo. Os polissacarídeos são geralmente compostos insolúveis, sem sabor e de alto peso molecular.
FONTE:
Nutrição e Metabolismo, aplicados à atividade motora; Lancha Jr, AH; Pereira-Lancha, LO
Introdução à Bioquímica (CONN & STUMPF)
3- O IMC é a sigla para índice de massa corporal, é uma referência que tem sido deixada de lado pelos especialistas pela sua incapacidade de levar em conta a massa magra e adiposa do indivíduo. O IMC é calculado dividindo o peso pelo quadrado da altura, e o resultado pode indicar o grau de obesidade da pessoa. De acordo com a tabela no site saude.gov: considera-se abaixo do peso o IMC menor que 18,5; Eutrófico ou normal, entre 18,5 e 25; sobrepeso entre 25 a 30; Obesidade grau 1 entre 30 e 35; Obesidade grau 2 entre 35 e 40; Obesidade grau 3 acima de 40. É importante ressaltar que o IMC não distingue gordura de massa magra e dessa forma é pouco preciso e vem sendo substituído por exames, como a bioimpedância, que consegue calcular massa magra e gordura do indivíduo.
FONTE:
https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/obesidade-no-adulto/definicao-obesidade-no-adulto/
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-ter-peso-saudavel/noticias/2017/imc-voce-sabe-calcular-seu-peso-adequado
4- O processo digestivo do carboidrato começa na boca, com a participação da alfa-amilase e continua no intestino delgado, no qual as secreções pancreáticas e as enzimas intestinais reduzem os polissacarídeos a dissacarídeos, que, por sua vez, são reduzidos a monossacarídeos (hexose) pelas dissacaridases ligadas à membrana do bordo em escova do intestino delgado. Os monossacarídeos obtidos desta maneira são então absorvidos pela mucosa intestinal. O transporte de D-glicose e D-galactose envolve um processo dependente de energia e a presença de um gradiente de NA+, produzido pela atividade da bomba NA+/K+ (bomba de sódio/potássio) ATPase na membrana apical das células epiteliais do intestino, chamadas de enterócitos. Esse transportador é conhecido como SGLT-1. No entanto, outro transportador de glicose, conhecido como GLUT-2, é o principal regulador do transporte de glicose para dentro do enterócito. Já a absorção de frutose, não necessita de energia, porém é mais lenta, via difusão facilitada, pelo transportador GLUT-5. Diversos autores postulam a importância da conversão de cerca de 50% da glicose absorvida pelo enterócito em lactato para manter um gradiente favorável à contínua absorção do monossacarídeo. O lactato seria lançado na corrente sanguínea pela porta hepática e reconvertido em glicose no fígado, com gato suplementar de energia, o que colocaria o fígado como participante ativo do processo de absorção de glicose. Porém a verificação experimental desse fato tem sido controversa.
O influxo de glicose no período pós-prandial provoca um aumento na sua concentração plasmática, o que induz o aumento de secreção de insulina e a redução do glucagon pelo pâncreas. As alterações levam a um aumento na captação de glicose pelo músculo e pelo tecido adiposo, assim como na síntese de glicogênio muscular. A síntese de lipídios a partir de carboidratos é ineficiente, uma vez que o total de energia empreendido é maior que a energia resultante em lipídio. Apesar disso, esta via ocorre em situações extremas de alta ingestão de carboidratos e estes são convertidos em ácidos graxos e triglicerídeos no fígado. Após o período absortivo, a glicemia retorna aos níveis normais e as alterações hormonais são revertidas, com a queda na secreção de insulina e o aumento na de glucagon. Nesta fase, ocorre a mobilização dos estoques de glicogênio hepático para manutenção da glicemia e síntese de enzimas relacionadas com a gliconeogênese, caso exista necessidade. Durante períodos de jejum, cabe exclusivamente ao fígado a produção e liberação de glicose para a circulação, a qual vai ser utilizada por células do cérebro (75% no repouso), células do sistema imune, sistema nervoso central, hemácias e medula renal. Ainda no repouso, o músculo esquelético consome cerca de 15% a 20% da glicose circulante. Assim, no organismo, a função básica da glicose é fornecer energia para os diversos fenômenos anabólicos.
FONTE: Nutrição e Metabolismo, aplicados à atividade motora; Lancha Jr, AH; Pereira-Lancha, LO
5- A pirâmide alimentar é uma maneira de traduzir uma mensagem de uma dieta balanceada e regular a composição da alimentação diária de nutrientes essenciais. Em 1988, foi definida a pirâmide alimentar Brasileira, que contém a maior ingestão diária, baseada em massas frutas e legumes, seguido por leguminosas, após carnes, ovos e laticínios e em seguida açúcares e gorduras, discriminados na imagem abaixo. Porém a pirâmide sofreu novas mudanças recentemente e nos dias de hoje, não é mais uma pirâmide e sim um modelo de orientação nutricional em que classifica os alimentos em quatro categorias. Alimentos in natura ou minimamente processados, ingredientes culinários, alimentos processados e alimentos ultraprocessados. O modelo orienta que o consumo de alimentos in natura deve ser significantemente superior ao consumo de alimentos processados e ultraprocessados. Ele também aborda possíveis obstáculos e discute a utilização de estratégias e planejamentos para regular uma dieta mais saudável. Esse modelo completo pode ser encontrado no site gov.br.
FONTE:
Nutrição e Metabolismo, aplicados à atividade motora (Lancha Jr, AH; Pereira-Lancha, LO)
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-me-alimentar-melhor/noticias/2021/alimentacao-saudavel-ao-seu-alcance
https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saps/promocao-da-saude/guias-alimentares
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/publicacoes-para-promocao-a-saude/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf/view7
6- A ingestão energética e gasto energético está diretamente relacionada ao metabolismo no quesito anabólico e catabólico. Na fase anabólica, quando o indivíduo está alimentado, o organismo sintetiza e estoca energia em forma de glicogênio, no fígado, de lipídios no tecido adiposo e proteínas que compõem os músculos. Já na fase catabólica, o indivíduo está em jejum e consiste na quebra desses mesmos compostos energéticos para disponibilizar energia e nutrientes para o funcionamento do organismo. A manutenção equilibrada do funcionamento dessas fases é realizada por mecanismo hormonal e se concentra basicamente em dois hormônios antagônicos produzidos pelo pâncreas: a insulina (anabólica) e o glucagon (catabólico).
Nutrição e Metabolismo, aplicados à atividade motora; Lancha Jr, AH; Pereira-Lancha, LO
A baixo, deixo disponível a antiga pirâmide alimentar, citada na QA nº 3
Após cada aluno compartilhar suas respostas, eu fiquei responsável em unir as respostas da turma e realizar uma nova síntese das questões, e essas foram as respostas finais:
Também realizamos a construção de um mapa metabólico das vias em que o carboidrato faz parte! Logo após minha reflexão irei disponibilizar esse mapa.
Gostei muito da experiência como relator, apesar de ser trabalhoso é uma maneira bacana de ajudar na construção da nova-síntese. Porém sinto que o papel do relator deveria ser um pouco diferente e ter uma relevância um pouco maior. Sugiro para os próximos semestres e as próximas turmas que irão vir a fazer parte da UNIBH que o relator tenha o papel de apresentar a SP a qual ele ficou responsável de realizar a síntese em cada uma das APA's. Logo, eu que fiquei responsável por realizar a síntese da SP 3.1, ficaria responsável em fazer um apresentação das respostas finais para a turma no dia da APA.