Bem, nesta SP, irei comentar um pouco do que achei desse complexo temático 2. Imunidade é um assunto que me interesso muito. Inclusive, infectologia é uma das minhas prováveis áreas de atuação, único porém é que no Brasil é pouco valorizado, ainda sim é um assunto muito interessante e que tenho extremo interesse. Gostei muito de trabalhar com esse tema, tanto na tutoria quanto na aula de TBL. Já a aula de morfo é bem monótona e eu acredito fielmente que é uma aula bem dispensável.
PROBLEMAS:
Onofre tem sentido coceira na região anal com frequência crescente.
Onofre eliminou um verme alongado e vivo pelas fezes.
Onofre tem se alimentado de forma pouco saudável nos últimos anos, o que pode ter contribuído para o problema.
Onofre tem se dedicado ao bem-estar dos outros e negligenciado sua própria saúde.
A eliminação do verme nas fezes
Onofre precisa rever seus hábitos alimentares e de autocuidado para evitar problemas de saúde no futuro.
HIPÓTESE:
Onofre pode ter Infecção por Oxiúros
Onofre pode ter Infecção por outros parasitas
Onofre pode ter coceira por outros motivos, como hemorroidas, dermatite e fissura anal.
QA’s
1- Como ocorre a infecção por oxiúros e quais os tratamentos e prevenção para a doença?
2- Quais os exames necessários para identificação de contaminação por helmintos?
3- O que são helmintos e como o sistema imunológico age no combate a esses parasitas?
RESPOSTAS:
1-
A infecção por oxiúros, também chamada de enterobíase ou oxiuríase, é causada pelo verme Enterobius vermicularis. Esse parasita nematódeo infecta o intestino humano, sendo mais comum em crianças. A transmissão ocorre principalmente pela via fecal-oral, iniciando-se com a ingestão dos ovos microscópicos do verme, que podem estar presentes em alimentos, água contaminada, roupas de cama ou brinquedos. Os ovos também podem ser inalados, pois são leves e se dispersam no ar. Após a ingestão, os ovos eclodem no intestino delgado, liberando larvas que migram para o intestino grosso, onde amadurecem em vermes adultos. As fêmeas grávidas migram para a região perianal, geralmente à noite, para depositar seus ovos, causando coceira intensa. Ao coçar a região, o indivíduo contamina as mãos e o ambiente com os ovos, facilitando a disseminação e a autoinfecção.
O tratamento da oxiuríase é feito com medicamentos antiparasitários como mebendazol, albendazol ou pamoato de pirantel, administrados em dose única e repetidos após duas semanas para eliminar possíveis larvas remanescentes. É fundamental tratar todos os contactantes próximos para evitar a reinfestação. A prevenção da oxiuríase se baseia em medidas de higiene rigorosa, como lavar as mãos com água e sabão após usar o banheiro, trocar fraldas, antes de comer e após coçar a região anal; manter as unhas curtas e limpas; lavar roupas de cama e roupas íntimas diariamente com água quente; limpar o ambiente regularmente; e evitar coçar a região anal, utilizando medidas para aliviar a coceira, como compressas frias ou cremes antipruriginosos.
2-
A identificação de contaminação por helmintos geralmente se baseia na análise de amostras de fezes, embora outros exames possam ser necessários em casos específicos, dependendo do tipo de helminto e dos sintomas apresentados. O exame mais utilizado é o exame parasitológico de fezes (EPF), que tem como objetivo identificar a presença de ovos, larvas ou partes adultas dos helmintos nas fezes.
Existem diferentes métodos para realizar o EPF, cada um com suas vantagens e desvantagens:
Método direto: Uma pequena quantidade de fezes é examinada diretamente ao microscópio, com ou sem o uso de corantes. Esse método é simples e rápido, mas pode ter baixa sensibilidade, especialmente em infecções leves.
Métodos de concentração: As fezes são processadas para concentrar os ovos dos helmintos, aumentando a sensibilidade do exame. Alguns métodos comuns incluem:
Método de Hoffman, Pons e Janer (HPJ): Sedimentação espontânea das fezes em água.
Método de Faust: Centrifugação das fezes em solução de sulfato de zinco.
Método de Ritchie: Centrifugação das fezes em formol-éter.
Método de Kato-Katz: Utilizado principalmente para a detecção de ovos de Schistosoma mansoni, mas também pode identificar outros helmintos. As fezes são prensadas entre lâminas de vidro e coradas com verde de malaquita, facilitando a visualização dos ovos.
Em alguns casos, outros exames podem ser necessários para complementar o diagnóstico, como:
Exame de sangue: Pode ser útil para detectar anticorpos contra determinados helmintos, como o Strongyloides stercoralis.
Exames de imagem: Radiografias, tomografias computadorizadas ou ressonância magnética podem ser utilizadas para visualizar os helmintos em órgãos específicos, como pulmões ou fígado.
Biópsia: Em casos raros, pode ser necessária a realização de biópsia para confirmar o diagnóstico.
A escolha do método de exame depende da suspeita clínica, da disponibilidade de recursos e da experiência do laboratório. É importante que o exame seja realizado por profissionais qualificados e que as amostras sejam coletadas e processadas adequadamente para garantir a precisão do resultado.
3-
Helmintos são organismos multicelulares, animais invertebrados, popularmente conhecidos como vermes, que podem parasitar o corpo humano e causar diversas doenças. Existem diferentes grupos de helmintos, como os nematódeos (vermes cilíndricos), platelmintos (vermes achatados) e cestódeos (vermes em forma de fita).
O sistema imunológico desempenha um papel crucial no combate aos helmintos, embora a resposta imune a esses parasitas seja complexa e desafiadora, uma vez que eles desenvolveram mecanismos para evadir e modular as defesas do hospedeiro. A resposta imune contra helmintos envolve tanto a imunidade inata quanto a adaptativa.
Imunidade inata:
Barreiras físicas e químicas: A pele e as mucosas atuam como a primeira linha de defesa, impedindo a entrada dos helmintos. O muco, as enzimas digestivas e o pH ácido do estômago também contribuem para eliminar ou inativar os parasitas.
Células fagocíticas: Macrófagos e neutrófilos tentam fagocitar os helmintos, mas muitos parasitas são grandes demais para serem engolfados por essas células. Além disso, alguns helmintos possuem tegumentos espessos que os protegem da fagocitose.
Células Natural Killer (NK): Essas células podem reconhecer e destruir células infectadas por helmintos, liberando grânulos citotóxicos.
Imunidade adaptativa:
Resposta Th2: A resposta imune adaptativa contra helmintos é caracterizada pela ativação de células T helper do tipo 2 (Th2). Essas células liberam citocinas como IL-4, IL-5 e IL-13, que estimulam a produção de anticorpos IgE, a ativação de eosinófilos e mastócitos, e a produção de muco no intestino.
Anticorpos IgE: Os anticorpos IgE se ligam aos helmintos, revestindo-os e tornando-os alvos para a ação de eosinófilos e mastócitos.
Eosinófilos: Essas células liberam grânulos contendo proteínas tóxicas que danificam a parede dos helmintos.
Mastócitos: Liberam histamina e outras substâncias que aumentam a permeabilidade vascular e a contração da musculatura lisa do intestino, contribuindo para a expulsão dos helmintos.
Apesar da resposta imune, muitos helmintos conseguem sobreviver no hospedeiro por longos períodos, modulando a resposta imune e evadindo os mecanismos de defesa. Essa interação complexa entre o parasita e o sistema imunológico do hospedeiro influencia o curso da infecção e o desenvolvimento de doenças.