Em cada uma das aulas de atendimento, nos foi solicitado a realização de REaDs, que são atividades que são feitas enquanto esperamos os nossos colegas a realizarem seu atendimento.
REaD1:
Nesse REaD, tive a oportunidade de realizar um atendimento simulado pela plataforma Paciente 360, no caso chamado "Vai ter que operar?". A paciente era Valéria S.C., uma mulher de 30 anos com queixas de dor abdominal. Desde o início, o desafio foi aplicar tudo o que tínhamos estudado sobre anamnese e exame físico, mas agora em um cenário mais realista, com tempo, decisões clínicas e consequências.
Durante a anamnese, o ponto mais importante pra mim foi aprender a explorar a dor de forma detalhada: localização, início, intensidade, fatores que pioram ou aliviam. Valéria relatava uma dor em quadrante inferior direito, que levantou algumas possibilidades diagnósticas e me fez pensar logo de cara em apendicite, mas com o cuidado de não pular etapas e manter uma escuta ativa, ficar atento aos sinais de alerta e conduzir a conversa de forma empática foi essencial.
No exame físico, o mais marcante foi perceber como cada achado pode mudar a o raciocínio clínico. Os sinais clássicos, como Blumberg positivo e dor à descompressão, reforçaram a suspeita de processo inflamatório peritoneal. Mesmo sendo uma simulação, a forma como a paciente interagia e reagia aos toques deixava a experiência muito próxima da realidade.
Além disso, fomos desafiados a construir um mapa mental sobre dor abdominal aguda, e isso me ajudou a organizar melhor as causas possíveis por localização, intensidade, tipo de dor e sinais associados. Foi uma maneira muito prática de fixar o conteúdo e treinar o raciocínio clínico.
REaD2:
A proposta do REaD era que a gente praticasse o exame físico do abdome usando um simulador e revezando funções com os colegas. Formamos um trio e cada um teve a oportunidade de ser examinador, auxiliar e observador. Essa troca de papéis ajudou bastante, porque permitiu ver o exame de diferentes ângulos e entender melhor os detalhes técnicos e humanos do processo.
Na minha vez como examinador, segui todos os passos que havíamos estudado previamente: inspeção, ausculta, percussão e palpação. Foi legal perceber como cada etapa tem sua importância e como, mesmo em um simulador, conseguimos identificar sinais relevantes, como os pontos dolorosos, a presença de timpanismo ou macicez, e praticar manobras como a de Blumberg, Murphy e Rovsing.
Também achei muito interessante quando precisei ser o "paciente". Nessa hora, tive uma noção maior da importância da comunicação e do cuidado com o conforto do outro, às vezes a gente se concentra tanto na técnica que esquece que do outro lado tem uma pessoa sendo tocada e avaliada.
Outro ponto marcante da atividade foi o uso da inteligência artificial. Tivemos que interagir com o ChatGPT, usando um prompt para revisar o exame físico do abdome. O objetivo era analisar se as informações eram confiáveis, completas e úteis. No nosso grupo, a IA trouxe dados bem pertinentes e ajudou a reforçar conceitos que já tínhamos visto nos livros, mas também levantou a discussão sobre a importância de sempre conferir as fontes, algo essencial.