7- Quais os malefícios do leite de vaca no recém nascido e em quais circunstâncias ele pode ser utilizado?
O trato gastrointestinal do recém-nascido é imaturo, com menor capacidade de digerir proteínas complexas e de absorver nutrientes. O leite materno possui enzimas, imunoglobulinas e hormônios que modulam o desenvolvimento intestinal, função imunológica e neurológica — componentes ausentes no leite de vaca. Portanto, a introdução precoce e não adaptada de leite de vaca interfere diretamente nesse processo maturacional, elevando a morbimortalidade infantil. De acordo com protocolos nacionais o leite de vaca somente deve ser considerado quando não há disponibilidade de leite materno e também não se dispõe de fórmulas infantis, e ainda assim com adaptações específicas.
Malefícios do leite de vaca em recém-nascidos:
Desequilíbrio nutricional:
O leite de vaca apresenta excesso de proteínas, especialmente da caseína, o que pode sobrecarregar os rins imaturos do recém-nascido, elevando a excreção renal de ureia.
Possui baixa concentração de ferro biodisponível, contribuindo para risco aumentado de anemia ferropriva.
É deficiente em ácidos graxos essenciais, vitaminas (especialmente vitamina E) e ácido fólico, fundamentais para o desenvolvimento neurológico e hematopoiético.
Contém elevada concentração de sódio, potássio e cloro, o que pode levar à sobrecarga renal e risco de desidratação.
Risco de sangramento gastrointestinal:
Alergias alimentares:
Interferência no desenvolvimento da microbiota intestinal:
Maior risco de obesidade e doenças crônicas:
Caso o leite de vaca, seja a única opção, devem ser seguidos os seguintes cuidados:
Idade mínima recomendada: A partir dos 6 meses, nunca antes disso.
Diluição: A proporção padrão é 2 partes de leite para 1 parte de água fervida, com adição de uma colher de sopa rasa de açúcar por 100 mL da mistura para compensar o baixo teor energético. Essa diluição visa reduzir a carga proteica e osmolaridade.
Suplementação obrigatória: Deve-se garantir a suplementação de ferro, zinco, vitamina C e ácido fólico, pois o leite de vaca é deficiente nesses nutrientes.
Uso supervisionado: A administração deve ser temporária, com acompanhamento clínico rigoroso, priorizando a rápida transição para fórmulas infantis apropriadas ou leite humano.
FONTE:
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos: versão resumida. Brasília, DF, 2021. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_crianca_brasileira_versao_resumida.pdf.
FRIQUES, Andreia. Nutrição materno-infantil: o poder dos primeiros mil e 100 dias. Vitória: Editora Vital, 2017. ISBN 978-85-8442-224-1.
PEREZ, Gabriela. Nutrição materno-infantil. 1. ed. Salvador: Sanar, 2022. (Coleção Manuais da Nutrição, v. 3). ISBN 978-85-5462-440-8.
8- Quais suplementações são indicadas a partir da introdução alimentar?
A partir da introdução alimentar, que deve ocorrer por volta dos seis meses de idade, algumas suplementações tornam-se recomendadas para garantir o adequado crescimento e desenvolvimento da criança, considerando que o leite materno, apesar de ainda ser uma fonte importante de nutrientes, já não é suficiente, isoladamente, para suprir todas as necessidades nutricionais. A suplementação de ferro e vitamina D é sistematicamente recomendada na rotina pediátrica a partir da introdução alimentar, sendo zinco e vitamina A indicadas de forma mais seletiva, sempre com base em avaliação clínica, risco nutricional e contexto epidemiológico.
Indicação:
Justificativa fisiológica:
O ferro armazenado no nascimento é geralmente suficiente até os seis meses. Após isso, a depleção dos estoques exige a ingestão adequada por meio da dieta ou suplementação. O ferro é essencial para o desenvolvimento neurológico, transporte de oxigênio (via hemoglobina) e função imune.
Recomendação:
Crianças amamentadas exclusivamente até os 6 meses devem iniciar a suplementação preventiva de ferro a partir dessa idade, na dose de 1 mg/kg/dia até os 24 meses, caso não consumam alimentos-fonte adequados.
2. Vitamina D
Indicação:
A suplementação de vitamina D é indicada para todos os lactentes desde os primeiros dias de vida até, pelo menos, os 2 anos de idade, independentemente da via de alimentação.
Justificativa fisiológica:
Recomendação:
3. Zinco (em casos específicos)
Indicação:
Justificativa fisiológica:
Recomendação:
4. Vitamina A (em situações de risco)
Indicação:
Justificativa fisiológica:
Recomendação:
A introdução alimentar deve priorizar alimentos ricos em ferro, como carnes, vísceras, leguminosas e vegetais verde-escuros.
A consistência e diversidade devem ser progressivamente ajustadas.
A suplementação não deve substituir uma alimentação variada e equilibrada, mas sim complementar quando necessário.
FONTE:
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos: versão resumida. Brasília, DF, 2021. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_crianca_brasileira_versao_resumida.pdf.
FRIQUES, Andreia. Nutrição materno-infantil: o poder dos primeiros mil e 100 dias. Vitória: Editora Vital, 2017. ISBN 978-85-8442-224-1.
PEREZ, Gabriela. Nutrição materno-infantil. 1. ed. Salvador: Sanar, 2022. (Coleção Manuais da Nutrição, v. 3). ISBN 978-85-5462-440-8.
9- Por que o banho de sol não é indicado?
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) não recomenda o banho de sol para recém-nascidos e lactentes, especialmente nos primeiros seis meses de vida e enfatiza a importância de proteger os lactentes da exposição solar direta nesses primeiros meses, utilizando medidas físicas de fotoproteção e garantindo a suplementação adequada de vitamina D por vias alternativas.. A pele do recém-nascido é imatura e apresenta características distintas que a tornam mais vulnerável aos efeitos nocivos do sol como possuir menor quantidade de melanina, o pigmento responsável pela proteção contra os efeitos nocivos da radiação ultravioleta (UV).
1. Imaturidade da Pele do Recém-Nascido
Essa imaturidade torna a pele mais suscetível a danos causados pelo sol, como queimaduras solares e aumento do risco de desenvolvimento de câncer de pele no futuro. A exposição solar excessiva na infância está associada a um risco aumentado de neoplasias cutâneas na vida adulta:
Baixa Produção de Melanina: A melanina atua como um filtro natural contra a radiação UV. A produção reduzida desse pigmento em recém-nascidos implica menor capacidade de defesa contra os efeitos solares.
Barreira Cutânea Imatura: A função de barreira da pele ainda está em desenvolvimento, tornando-a mais permeável e suscetível a agressões externas, incluindo a radiação solar.
Camada Epidérmica Fina: A epiderme é menos espessa, o que facilita a penetração da radiação UV e aumenta o risco de danos celulares.
2. Risco de Queimaduras e Danos Cumulativos
‘ A exposição direta ao sol em lactentes pode resultar em queimaduras solares devido à sensibilidade da pele nessa faixa etária. Além disso, os efeitos da radiação UV são cumulativos ao longo da vida, contribuindo para o envelhecimento precoce da pele e aumentando o risco de câncer de pele. Portanto, evitar a exposição solar desprotegida desde a infância é uma medida preventiva essencial.
3. Vitamina D e Exposição Solar
Embora a exposição solar seja uma fonte natural para a síntese de vitamina D, a SBP não recomenda a exposição intencional ao sol com essa finalidade em lactentes. A suplementação oral de vitamina D é considerada uma alternativa mais segura e eficaz para garantir os níveis adequados desse nutriente, sem os riscos associados à exposição solar direta.
4. Fotoproteção Inadequada em Menores de Seis Meses
Para crianças menores de seis meses, o uso de filtros solares não é recomendado devido à falta de estudos que comprovem a segurança desses produtos nessa faixa etária. Assim, a proteção deve ser realizada por meio de barreiras físicas, como roupas adequadas, chapéus de abas largas e sombrinhas, evitando-se a exposição direta ao sol.
FONTE:
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Uso da vitamina D e fotoproteção: ainda se indica banho de sol em lactentes? Disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/cuidados-com-a-saude/uso-da-vitamina-d-e-fotoprotecao-ainda-se-indica-banho-de-sol-em-lactentes/?
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Atualização sobre cuidados com a pele do recém-nascido. Departamento Científico de Dermatologia, 2022. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22978c-DocCient-Atualiz_sobre_Cuidados_Pele_do_RN.pdf.
10- Como orientar o paciente sobre introdução alimentar e alimentação até 2 anos de idade?
A introdução alimentar e a alimentação até os 2 anos de idade seguem um processo gradual, baseado no desenvolvimento fisiológico e nas necessidades nutricionais da criança, visando complementar o aleitamento materno e promover crescimento saudável. Ela deve respeitar o amadurecimento do eixo hipotálamo-hipófise, que regula fome e saciedade, e a capacidade renal, que aos 6 meses suporta maior carga de solutos dos alimentos. A exposição gradual a diferentes sabores e texturas estimula o desenvolvimento do paladar e previne rejeições futuras, enquanto o aleitamento contínuo até os 2 anos reforça a imunidade e o vínculo mãe-bebê. A alimentação evolui do leite materno exclusivo para uma dieta diversificada, alinhada ao desenvolvimento fisiológico, garantindo nutrição adequada e adaptação progressiva ao sistema alimentar adulto.
Até 6 Meses: Aleitamento Materno Exclusivo
Nos primeiros 6 meses, a alimentação é exclusivamente leite materno. O sistema digestivo do bebê é imaturo: o intestino delgado tem baixa produção de enzimas como amilase e lipase, e a barreira intestinal é mais permeável, favorecendo a absorção de nutrientes do leite materno, rico em lactose, gorduras e proteínas de fácil digestão. O reflexo de sucção está plenamente desenvolvido, e a coordenação neuromuscular permite apenas a ingestão de líquidos. O leite materno supre todas as necessidades energéticas (cerca de 600-700 kcal/dia) e hídricas, além de fornecer fatores imunológicos, como IgA secretória, essenciais enquanto o sistema imunológico da criança amadurece.
6 Meses: Início da Introdução Alimentar
A partir dos 6 meses, inicia-se a introdução de alimentos complementares, mantendo o aleitamento materno. Fisiologicamente, há aumento da produção de amilase salivar e pancreática, permitindo a digestão de carboidratos complexos, como os de cereais. O reflexo de protrusão da língua diminui, e a coordenação entre sucção, deglutição e mastigação começa a se desenvolver, possibilitando a aceitação de texturas pastosas. Nessa etapa, oferecem-se papas de frutas (ex.: maçã cozida, banana amassada) e papas salgadas (ex.: purê de batata com cenoura), com consistência homogênea, em pequenas quantidades (2-3 colheres de chá), 1-2 vezes ao dia. O objetivo é complementar o aporte energético (700-900 kcal/dia), pois o leite materno sozinho não supre mais o crescimento acelerado e o gasto energético, além de introduzir ferro e zinco, cujas reservas neonatais começam a se esgotar.
7 a 12 Meses: Ampliação da Variedade e Textura
Entre 7 e 12 meses, a dieta é expandida com maior variedade de alimentos e texturas. Fisiologicamente, o sistema digestivo amadurece: a produção de ácido gástrico e pepsina aumenta, facilitando a digestão de proteínas (ex.: carne moída ou frango desfiado), enquanto o peristaltismo intestinal melhora, suportando fibras de vegetais (ex.: abobrinha). A erupção dos primeiros dentes (incisivos) e o fortalecimento da musculatura mastigatória permitem a transição para alimentos amassados ou em pedaços macios. São introduzidas leguminosas (ex.: feijão triturado), cereais (ex.: arroz) e proteínas animais, em 2-3 refeições diárias, além do leite materno. O aporte calórico sobe para 800-1000 kcal/dia, ajustado ao peso e atividade da criança, garantindo o desenvolvimento cerebral e muscular, dependente de ácidos graxos e aminoácidos essenciais.
12 a 24 Meses: Consolidação da Alimentação Familiar
Dos 12 aos 24 meses, a criança passa a consumir uma dieta mais próxima da alimentação familiar, com texturas sólidas e maior autonomia. Fisiologicamente, o sistema digestivo está mais maduro, com enzimas digestivas em níveis próximos aos do adulto, e a capacidade gástrica aumentada (cerca de 200-300 mL por refeição). A coordenação motora fina permite o uso de colher e o ato de levar alimentos à boca, enquanto o sistema imunológico intestinal se fortalece, reduzindo riscos de alergias alimentares. Nessa fase, oferecem-se 3 refeições principais e 2 lanches, incluindo todos os grupos alimentares: carboidratos (ex.: pão, macarrão), proteínas (ex.: ovo, peixe), gorduras (ex.: azeite), frutas e vegetais. O leite materno ou fórmula pode ser mantido (500-600 mL/dia), mas a energia vem majoritariamente dos sólidos (1000-1300 kcal/dia), sustentando o ganho de peso, estatura e maturação neurológica.
FONTE:
FRIQUES, Andreia. Nutrição materno-infantil: o poder dos primeiros mil e 100 dias. Vitória: Editora Vital, 2017. ISBN 978-85-8442-224-1.
PEREZ, Gabriela. Nutrição materno-infantil. 1. ed. Salvador: Sanar, 2022. (Coleção Manuais da Nutrição, v. 3). ISBN 978-85-5462-440-8.
11- Quando é indicado o uso da dipirona e simeticona em recém nascidos e como a dosagem é calculada?
A simeticona é uma opção segura e amplamente utilizada em recém-nascidos para alívio de gases e cólicas, com ação física e baixo risco, enquanto a dipirona é reservada para dor e febre em lactentes acima de 3 meses, com dosagem precisa devido aos riscos de toxicidade. Os dois requerem supervisão e indicação médica para garantir segurança e eficácia, especialmente em recém-nascidos, cuja fisiologia imatura exige cautela, logo não é prudente receita-los aos pais sem deixar claro que o uso indiscriminado pode trazer prejuízos. A SBP ainda desaconselha o uso da dipirona alternada com outros antitérmicos (ex.: paracetamol), pois aumenta o risco de confusão na dosagem e intoxicação, sem benefício adicional.
Indicações em Recém-Nascidos
Simeticona: É indicada para o alívio de sintomas relacionados ao excesso de gases no trato digestivo, como flatulência, distensão abdominal e cólicas em recém-nascidos. A SBP reconhece seu uso em lactentes para tratar desconforto gastrointestinal, embora evidências sobre sua eficácia em cólicas sejam limitadas. Probióticos podem ser mais eficazes, mas a simeticona permanece amplamente utilizada por sua segurança e ação local.
Dipirona: Segundo a SBP, a dipirona é indicada em recém-nascidos acima de 3 meses e 5 kg para o alívio de dor leve a moderada (ex.: pós-vacinação, dentição) e febre associada a desconforto evidente (ex.: choro intenso, irritabilidade). Não é recomendada para febre isolada sem sintomas associados, visando evitar o uso indiscriminado de antitérmicos. Em menores de 3 meses, seu uso é contraindicado devido à imaturidade metabólica e riscos associados.
Dosagem em Recém-Nascidos
Simeticona: A dosagem varia conforme a apresentação (gotas, geralmente 75 mg/mL). Para recém-nascidos, a bula da Simeticona Gotas Biosintética recomenda 5 gotas (aproximadamente 12,5 mg) a cada 6 horas, sem ultrapassar 60 gotas/dia (150 mg). A administração é oral, podendo ser diluída em água ou leite. A SBP não especifica doses fixas, mas orienta que o uso seja ajustado pelo pediatra, considerando peso e tolerância.
Dipirona: A SBP recomenda 10-15 mg/kg/dose, por via oral, a cada 6-8 horas, com dose máxima diária de 60 mg/kg. A bula da Novalgina® Gotas (500 mg/mL) contraindica seu uso em menores de 3 meses ou 5 kg, mas, para lactentes acima disso, a dosagem é calculada pelo peso. Exemplo: um recém-nascido de 6 kg receberia 60-90 mg/dose (2-3 gotas), com máximo de 4 doses/dia. A SBP alerta contra o uso de "1 gota/kg" (25 mg/kg), pois resulta em superdosagem, aumentando riscos.
Simeticona: Por não ser absorvida, os riscos são mínimos. Efeitos adversos são raros, mas incluem reações alérgicas leves (ex.: urticária) em casos de hipersensibilidade aos excipientes. Não há evidências de toxicidade sistêmica ou interações medicamentosas significativas. A SBP considera seu perfil de segurança elevado, mas destaca que o alívio sintomático não trata causas subjacentes de cólicas, como alergias alimentares.
Dipirona: Os riscos em recém-nascidos são mais expressivos devido à imaturidade fisiológica. A SBP e a bula alertam para:
Hipotensão: Doses elevadas podem causar queda pressórica, especialmente por via parenteral (contraindicada antes de 11 meses).
Agranulocitose: Embora rara, essa complicação hematológica grave (redução de neutrófilos) está associada a doses altas ou uso prolongado, com maior susceptibilidade em populações geneticamente predispostas.
Toxicidade hepática/renal: Metabólitos acumulados em sistemas imaturos podem sobrecarregar fígado e rins.
Superdosagem: Erros de cálculo (ex.: "1 gota/kg") podem levar a hipotermia, sudorese e intoxicação.
FONTE:
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Manejo da febre aguda. Departamento Científico de Pediatria Geral e Infectologia. São Paulo: SBP, 2021. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/23229c-DC_Manejo_da_febre_aguda.pdf.
SAVINO, F. et al. Lactobacillus reuteri versus simethicone in the treatment of infantile colic: a prospective randomized study. Pediatrics, v. 119, n. 1, p. e124-e130, 2007.
NOVALGINA. Dipirona Monoidratada Gotas: Bula do medicamento. São Paulo: Sanofi-Aventis, 2023. Disponível em: https://www.novalgina.com.br.
ACHE. Simeticona Gotas 75 mg/mL: Bula do medicamento. São Paulo: Aché Laboratórios Farmacêuticos, 2020. Disponível em: https://www.ache.com.br.