Na segunda aula do semestre, iniciamos com a Nova síntese, e após o intervalo, fizemos a síntese provisória. Estes assuntos são bem interessantes, assim como semestre passado, e agrega muito o fato de que nossa Tutora força o raciocínio em cima das resposta que trazemos. Até então estou utilizando somente o livro da Silverthorn para realizar minhas atividades, mas meus colegas têm trazido de fontes diferentes, então nos da a oportunidade de analisar as repostas com olhares de autores diferentes. Tenho achado bem interessante a construção. Utilizo IA para me auxiliar na resolução e pesquisa das respostas da tutoria, e ter que fazer essa reflexão da resposta na sala auxilia para que você não fique simplesmente dependente à explicação da IA sobre um assunto que você não compreendeu tão bem no livro.
Segue a síntese provisória:
SP 1.2 – Voltando das Férias...
Dora é aluna do 2o ano de medicina. Está voltando das férias com sua família e está muito ansiosa
para retomar suas atividades e rever Regina, a ACS com que trabalhava. Preocupada, pergunta
para a recepcionista, que informa que Irene não vem trabalhar faz 3 dias, pois está doente.
Após consultar sua preceptora, resolve ir visitá-la. Dora se solidariza com a situação atual de irene.
Irene sustenta dois filhos, nora e neto, agora sozinha, pois, o filho, que tinha o maior salário da
família, perdeu o emprego há duas semanas.
Regina contou que se sente deprimida e há uma semana começou a apresentar episódios de
diarreia progressivamente mais frequentes, primeiro pensou que tivesse comido algo que lhe fez
mal,seguiu o conselho de uma vizinha e começou a comer mais fibras, o que piorou um pouco a
situação, agora tem diarreias com períodos de obstipação intestinal.
Sente que sua digestão varia entre fases de lentidão, quando tem náuseas e vômitos, para
aumento dos ruídos intestinais, associados com flatulência e fezes líquido-pastosas. Contou que
perdeu aproximadamente quatro quilos, que ficou com vergonha de passar em consulta na UBS,
porque havia faltado vários dias no trabalho e que ao passar na UPA pegou uma receita de
omeprazol.
No caminho de volta, Dora pensa como poderia ajudar sua amiga e lembrou de uma tia que
sempre está muito estressada e que tem os mesmos sintomas.
Problemas:
Regina doente e devido a isso não vai ao trabalho há três dias;
Regina sustenta sustenta toda sua família;
Filho perdeu emprego há duas semanas, e ele tinha o maior salario da casa;
Regina se sente deprimida;
Episódios de diarreia há uma semana, que ficou mais frequentes progressivamente;
Aumentou o consumo de fibra, o que levou a uma piora da situação (obstipação intestinal);
A digestão de Regina varia entre fases de lentidão, quando tem náuseas e vômitos, para aumento dos ruídos intestinais, associados com flatulências e fezes liquido-pastosas;
Perca de peso (4kilos);
Vergonha de consultar na UBS, pois havia faltado vários dias no trabalho;
Regina foi na UPA e pegou uma receita de omeprazol;
Uma tia estressada de Dora tinha os mesmos sintomas que Regina.
Hipóteses:
Regina estava com uma sobrecarga financeira, e devido o filho perder o emprego ela ficou ainda mais estressada, pois a sobrecarga aumentou, o que levou o desencadeamento de vários sintomas, são eles: náuseas, vômitos, diarreia e obstipação intestinal;
Regina possivelmente já estava desidratada devido aos episódios anteriores de diarreia, e ao consumir fibra levou a piora da situação com a prisão de ventre;
Regina não estava se alimentando corretamente, e perdendo líquidos e sólidos com grande frequência, por isso ela teve uma perda de peso;
O uso do omeprazol além de ser insuficiente para resolver o problema da Regina, pode acarretar em uma piora do quadro dela;
Questões de aprendizagem (QA´s):
1) Como as questões emocionais podem afetar o sistema gastrointestinal?
2) Como o estresse do cotidiano pode afetar os níveis de cortisol e qual é o efeito disso para o sistema gastrointestinal?
3) Como o excesso de fibras podem interferir na regulação do sistema gastrointestinal?
4) Quais são os diferentes tipos de fibras e como elas influenciam no processo digestório?
5) Qual é a função do omeprazol, e quando ele é indicado? (relacione com a SP)
6) Quais os processos neurais e hormonais que controlam o peristaltismo?
7) Qual é o mecanismo muscular de ação de vômito e diarreia?
Na aula seguinte, cada aluno trouxe sua respostas e discutimos a solução que cada um encontrou. Irei deixar aqui minhas respostas, dessa vez vou deixar também as páginas e capítulos do livro da Silverthorn que busquei cada uma das questões. Acho uma maneira interessante da tutora entender de onde veio aquele raciocínio que eu trouxe:
1-
O emocional pode exercer um impacto significativo no sistema gastrointestinal através de múltiplas vias. O sistema nervoso entérico, uma rede complexa de neurônios ligados ao trato gastrointestinal, está intimamente conectado ao sistema nervoso central através do eixo cérebro-intestino. Essa conexão permite que emoções, como estresse e ansiedade, influenciem diretamente a motilidade, a secreção e a sensibilidade do trato gastrointestinal.
O sistema nervoso autônomo, que parte do sistema nervoso periférico, também desempenha um papel crucial na mediação da resposta do sistema gastrointestinal às emoções. O sistema nervoso autônomo é composto por dois ramos principais: o simpático e o parassimpático. Em situações de estresse ou ameaça, o ramo simpático é ativado, liberando noradrenalina, que pode levar à diminuição do fluxo sanguíneo para o trato GI, inibição da motilidade e secreção, e aumento da sensibilidade visceral. Por outro lado, em estados de relaxamento, o ramo parassimpático predomina, liberando acetilcolina, que promove o aumento do fluxo sanguíneo, a motilidade e a secreção, além de reduzir a sensibilidade visceral.
Além disso, o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), ativado em resposta ao estresse, libera cortisol, um hormônio que pode afetar a função GI de várias maneiras. O cortisol pode aumentar a permeabilidade intestinal, permitindo a passagem de substâncias potencialmente nocivas para a corrente sanguínea, além de modular a resposta imune e inflamatória no intestino. O desequilíbrio na microbiota intestinal, a comunidade de microrganismos que habitam o trato GI, também tem sido associado a distúrbios emocionais, como ansiedade e depressão, o que pode influenciar a função GI e a saúde geral. Em resumo, as emoções podem afetar o sistema GI através da modulação neural, hormonal e imunológica, resultando em uma variedade de sintomas, como dor abdominal, diarreia, constipação e náuseas.
FONTE: Silverthorn capítulo 21, pag 655
2-
O estresse cotidiano exerce um impacto considerável sobre o sistema endócrino, particularmente na produção de cortisol. Em resposta a situações estressantes, o hipotálamo libera o hormônio liberador de corticotrofina (CRH). O CRH, por sua vez, estimula a adeno-hipófise a secretar o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). O ACTH, então, viaja pela corrente sanguínea até o córtex da glândula suprarrenal, onde induz a síntese e a liberação do cortisol, um hormônio esteroide.
O cortisol, frequentemente chamado de "hormônio do estresse", desempenha um papel crucial na resposta do corpo ao estresse, mobilizando energia e suprimindo o sistema imunológico. No entanto, a exposição crônica ao estresse pode levar a níveis elevados e persistentes de cortisol, o que pode ter efeitos deletérios no sistema gastrointestinal. O cortisol pode suprimir a secreção de muco protetor no intestino, tornando-o mais suscetível a danos e inflamação. Além disso, o cortisol pode aumentar a permeabilidade intestinal, permitindo que bactérias e outras substâncias nocivas atravessem a barreira intestinal, o que pode levar à inflamação e a outros problemas gastrointestinais. O cortisol também pode afetar a motilidade intestinal por diversas vias, resultando em diarreia ou constipação, ele pode levar a alterações na função do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), que, por sua vez, pode modular a atividade do sistema nervoso autônomo (SNA), responsável pela regulação da motilidade intestinal. O cortisol também pode afetar a secreção de outros hormônios gastrointestinais, como a motilina e a grelina, que desempenham um papel na regulação da motilidade. Pode afetar a sensibilidade visceral, aumentando a percepção de desconforto e dor abdominal, o que pode levar a alterações na motilidade. Assim como também pode alterar a modulação imunológica, resultando em uma maior probabilidade de infecção intestinal.
SILVERTHORN cap 6 - pag 166
3-
O excesso de fibras na dieta, pode, em algumas circunstâncias, interferir na regulação do sistema gastrointestinal. As fibras, por serem componentes não digeríveis dos alimentos vegetais, aumentam o volume do bolo fecal e aceleram o trânsito intestinal. No entanto, o consumo excessivo de fibras pode levar a diversos desconfortos e problemas gastrointestinais. Um dos principais efeitos é o aumento da produção de gases intestinais, resultando em flatulência e distensão abdominal. Isso ocorre porque as fibras, ao chegarem ao intestino grosso, são fermentadas pelas bactérias da microbiota intestinal, produzindo gases como hidrogênio, dióxido de carbono e metano.
Além disso, o excesso de fibras pode interferir na absorção de minerais importantes, como cálcio, ferro e zinco. As fibras podem se ligar a esses minerais no lúmen intestinal, impedindo sua absorção pelas células epiteliais. Essa interferência pode ser especialmente problemática para pessoas com necessidades nutricionais aumentadas, como gestantes, lactantes e crianças em crescimento. Em casos mais graves, o consumo excessivo de fibras pode levar à formação de bezoares, massas compactas de material não digerível que podem obstruir o trato gastrointestinal, necessitando de intervenção médica para sua remoção. Outro possível efeito do excesso de fibras é a diarreia ou a constipação, dependendo do tipo de fibra e da sensibilidade individual. As fibras solúveis, como as encontradas em frutas e legumes, podem reter água e formar um gel no intestino, o que pode contribuir para a formação de fezes mais macias e facilitar o trânsito intestinal. Por outro lado, as fibras insolúveis, como as presentes em grãos integrais, aumentam o volume fecal e podem levar à constipação em pessoas com ingestão inadequada de líquidos ou com problemas de motilidade intestinal.
SILVERTHORN cap 21 - pag 655
4-
As fibras alimentares são componentes não digeríveis de alimentos de origem vegetal, podem ser classificadas em dois tipos principais: solúveis e insolúveis, cada um com diferentes impactos no processo digestório. As fibras solúveis são presentes em alimentos como aveia, leguminosas e frutas e dissolvem-se em água, formando um gel viscoso no trato gastrointestinal. Esse gel retarda o esvaziamento gástrico, proporcionando uma sensação de saciedade, e diminui a absorção de glicose, auxiliando no controle glicêmico. Além disso, as fibras solúveis ligam-se ao colesterol, reduzindo sua absorção e contribuindo para a diminuição dos níveis de colesterol sanguíneo. No intestino grosso, elas são fermentadas por bactérias benéficas, produzindo ácidos graxos de cadeia curta, que nutrem as células intestinais e promovem a saúde do cólon.
Já as fibras insolúveis são abundantes em grãos integrais, verduras e legumes e não se dissolvem em água, aumentando o volume do bolo fecal e acelerando o trânsito intestinal. Isso promove a regularidade intestinal e previne a constipação. As fibras insolúveis também podem ajudar a prevenir doenças diverticulares, hemorroidas e câncer colorretal, ao diminuir o tempo de contato de substâncias potencialmente nocivas com a mucosa intestinal, contudo seu consumo excessivo pode gerar a formação de bezoares, que por sua vez podem causar obstrução do trato gastrointestinal. Além disso, a baixa ingestão de água pode levar a dificuldade de evacuação e fezes duras e secas se associada ao consumo excessivo das fibras.
SILVERTHORN cap 21 - pag 655
5-
O omeprazol é um medicamento classificado como inibidor da bomba de prótons. Sua principal função é reduzir a quantidade de ácido produzido pelo estômago, atuando especificamente nas células parietais, responsáveis pela secreção de ácido clorídrico. O omeprazol age inibindo a enzima H+-K+ -ATPase, também conhecida como bomba de prótons, presente na membrana apical das células parietais. Essa enzima é fundamental para o transporte de íons hidrogênio (H+) para o lúmen do estômago, etapa essencial na formação do ácido clorídrico. Ao bloquear essa bomba, o omeprazol diminui a acidez estomacal.
A indicação clínica primária do omeprazol é o tratamento de condições relacionadas ao excesso de ácido no estômago, como refluxo gastroesofágico, úlceras pépticas e síndrome de Zollinger-Ellison. No refluxo gastroesofágico, o ácido estomacal reflui para o esôfago, causando azia e outros sintomas. As úlceras pépticas são lesões na mucosa do estômago ou do duodeno, frequentemente associadas à infecção pela bactéria Helicobacter pylori e ao uso de anti-inflamatórios não esteroides. A síndrome de Zollinger-Ellison é uma condição rara, caracterizada pela presença de tumores que produzem gastrina, um hormônio que estimula a secreção de ácido pelo estômago. Em todas essas situações, o omeprazol, ao reduzir a produção de ácido, promove o alívio dos sintomas, a cicatrização das úlceras e o controle da doença.
SILVERTHORN cap 21 - pag 655
6-
O peristaltismo é o movimento ondulatório que impulsiona o conteúdo do trato gastrointestinal. Ele consiste em uma ação reflexa complexa coordenada primariamente pelo sistema nervoso entérico. No entanto, o peristaltismo também é modulado por influências neurais extrínsecas do sistema nervoso autônomo e por hormônios.
No sistema nervoso entérico, o peristaltismo é controlado por uma rede de neurônios e interneurônios que se comunicam através de neurotransmissores. A distensão do trato gastrointestinal pelo alimento desencadeia o reflexo peristáltico. Essa distensão é detectada por mecanorreceptores na parede intestinal, que enviam sinais aferentes para o sistema nervoso entérico. Os interneurônios do sistema nervoso entérico, então, coordenam a resposta, enviando sinais eferentes para as camadas musculares do trato gastrointestinal. Esses sinais eferentes levam à contração da musculatura lisa circular atrás do bolo alimentar e ao relaxamento da musculatura lisa circular à frente do bolo alimentar, impulsionando-o adiante. Adicionalmente, a musculatura lisa longitudinal também se contrai, encurtando o segmento intestinal à frente do bolo alimentar, facilitando sua propulsão.
O sistema nervoso autônomo, através de suas divisões simpática e parassimpática, pode modular a atividade do sistema nervoso entérico e influenciar o peristaltismo. A estimulação simpática geralmente inibe o peristaltismo, enquanto a estimulação parassimpática o estimula. Diversos hormônios também podem influenciar o peristaltismo. A motilina, por exemplo, é um hormônio peptídico secretado pelo intestino delgado que aumenta a motilidade gastrintestinal, estimulando as contrações peristálticas. Outros hormônios, como a gastrina e a colecistocinina, também podem influenciar a motilidade, embora seus efeitos sejam mais complexos e dependem do contexto fisiológico.
SILVERTHORN cap 21 - pag 655
7-
Tanto o vômito quanto a diarreia são mecanismos de defesa do corpo que envolvem a ação coordenada de músculos lisos e esqueléticos do trato gastrointestinal.
O Vômito é um reflexo complexo coordenado pelo centro do vômito no bulbo. Ele é precedido por náuseas e aumento da salivação. Durante o vômito, o conteúdo do trato gastrointestinal superior é expelido pela boca. O mecanismo muscular envolve:
Fase de pré-ejeção: Contração reversa do intestino delgado, relaxamento do esfíncter pilórico e contração do antro gástrico, impulsionando o conteúdo intestinal em direção ao estômago. Ocorre fechamento da glote e da nasofaringe, e contração inspiratória do diafragma e dos músculos abdominais, aumentando a pressão intra-abdominal.
Fase de ejeção: Relaxamento do esfíncter esofágico inferior, forte contração dos músculos abdominais e do diafragma, aumento da pressão intratorácica e intra-abdominal, expulsão forçada do conteúdo gástrico pelo esôfago e boca. Ocorre também abertura da glote para evitar aspiração do vômito.
A Diarreia, por sua vez, é caracterizada pelo aumento do volume, da fluidez e da frequência das evacuações. Ela pode ser causada por diversos fatores, como infecções, intolerâncias alimentares e doenças inflamatórias intestinais. O mecanismo muscular da diarreia envolve:
Aumento da motilidade intestinal: Contrações peristálticas mais fortes e frequentes impulsionam o conteúdo intestinal rapidamente em direção ao reto, diminuindo o tempo de absorção de água e eletrólitos, resultando em fezes líquidas.
Diminuição da segmentação: A segmentação, um tipo de contração muscular que mistura o conteúdo intestinal, pode estar diminuída, contribuindo para o trânsito intestinal acelerado.
Relaxamento do esfíncter anal interno: O relaxamento involuntário do esfíncter anal interno, combinado com o aumento da pressão intra-abdominal devido às contrações intestinais, leva à eliminação das fezes líquidas.
SILVERTHORN cap 21 - pag 655
Venho neste final, trazer minha reflexão. Essa aula de tutoria, ela é importante, mas eu percebo que ela seria uma aula muito mais proveitosa, com o apoio de aulas teóricas no modelo tradicional. Sinto muita falta de ter aulas sendo realizadas por professores diretamente expositivas. Acredito de verdade que o método que estimula o aluno a aprender por si só é muito bom, porém eu sinto de verdade uma deficiência em não ter aula expositiva. Sei que não vai mudar e somente estou escrevendo isso aqui pois é minha opinião. E mais uma vez, reitero que a escrita desse portifólio é exaustivo e não proveitoso para mim. Preferiria muito mais estar estudando, terminando algum trabalho meu ou até mesmo em um momento de lazer, mas como não é facultativo, aqui estou, escrevendo mais uma vez um portifólio que eu não vejo o por quê e nem consigo entender de que forma ele irá me auxiliar.