Nesta aula, temos o primeiro caso problema da SP 2. A professora nos passou o seguinte texto para analisarmos e identificar os problemas e hipóteses contidos nele:
"Ao fim de uma manhã de consultas, Dra. Clara e Eduarda, estudante do 4°
semestre de Medicina, finalmente vão almoçar. Ao saírem do consultório, dão
de cara com Paula, uma das professoras presentes na reunião da escola:
– Desculpe, Dra. Clara, vir sem avisar, mas estamos com um problema bem sério
na escola e acredito que seja um assunto muito difícil para a Diretora Ana
abordar, ela é muito religiosa...
– Pois não, Paula. Como posso ajudar?
– Estamos com uma epidemia na Escola! Só esse ano, temos 6 adolescentes
grávidas na 7ª série, numa classe com 25 meninas!
A professora conta que tentou abordar algumas questões durante as aulas,
apesar de não estar na sua programação do semestre, acrescentou que, quando
conversou com as meninas, descobriu que poucas sabem alguma coisa sobre
ciclo menstrual, poucas utilizam algum método contraceptivo, apesar de já
terem uma vida sexual ativa. Disse que tinha muitas dúvidas, pois achava que
essas meninas ainda não estavam plenamente capazes física, psicológica e
socialmente para sustentar uma gravidez.
Dra. Clara suspira, o seu almoço vai ficar para um pouco mais tarde...
Eduarda suspira e pensa na situação que está enfrentando: ela também
engravidou sem planejar e está considerando viajar para o exterior para abortar."
Depois de ler e analisar o texto, chegamos nos seguinte problemas e hipóteses:
Problemas
Receio da professora Paula em abordar o problema da gravidez na adolescência com a diretora por ela ser muito religiosa.
Gravidez precoce na escola em grande numero.
Falta de informação sobre o ciclo menstrual e métodos contraceptivos.
Vida sexual ativa precocemente (sem capacidade psicológica, física e social), antes da idade legalmente permitida.
Falta de espaço no ambiente escolar para abordar o tema de gravidez.
Eduarda considera viajar para abortar.
Hipóteses
A religião pode interferir na forma como o indivíduo lida com alguns temas polêmicos
Os casos de gravidez precoce na escola estão relacionados a falta de informação, na escola e no ambiente familiar.
Eduarda quer abortar por causa de uma gravidez não planejada e considera ir para um país no qual o aborto é legalizado.
Após formularmos as hipóteses do caso, formulamos as seguintes questões de aprendizado para estudar e trazer as respostas para a próxima aula:
QA’S:
1. O que é a puberdade feminina? E quais suas alterações físicas e
psicológicas? E quais são os exames necessários para fazer o seu acompanhamento?
2. Explique as estruturas e os hormônios relacionados ao sistema reprodutor feminino E explique o ciclo menstrual.
3. Explique o processo de gametogênese feminina.
4. Quais são as consequências de uma gravidez precoce na adolescência ?
5. Quais os métodos contraceptivos mais comuns no Brasil? E quais suas finalidades e os seus benefícios?
6. Quais são os aspectos legais do aborto e os seus riscos?
7. Como a religião interfere na temática: aborto e gravidez e na sociedade.
Na semana seguinte, cada aluno trouxe suas respostas baseada na pesquisa quem realizou em casa, e estas foram as minhas respostas:
1 - Assim como na puberdade masculina, a puberdade feminina é marcada por mudanças no corpo da mulher consequente às alterações biológicas que ocorrem no final da adolescência e Tanner realizou as mesmas marcações para diferenciar as diferentes etapas envolvendo o desenvolvimento das características das mamas e dos pelos pubianos. O início da puberdade feminina é esperado entre os 8 e os 13 anos de idade. O seu primeiro sinal é o aparecimento do broto mamário que é caracterizado por uma nodulação pequena atrás da aréola mamária, muitas vezes unilateral, com o surgimento do broto contralateral pouco tempo depois. Aos poucos as mamas ganham volume e modificam sua forma, inicialmente sem a separação do seu contorno e posteriormente com a projeção da aréola e das papilas em relação ao restante das mamas até adquirirem características adultas, no final da adolescência. A menarca costuma ocorrer no estágio M4 da tabela de Tanner, quando as mamas já apresentam volume considerável, mas ainda não completaram seu desenvolvimento, e em média 2 anos e meio após o aparecimento do broto mamário.
Os pelos pubianos aparecem por volta de 6 meses após o início da puberdade. Inicialmente lisos, finos e pouco pigmentados na região dos grandes lábios. Gradativamente, sua distribuição vai se espalhando pela púbis, os fios se tornam mais pigmentados e espessos, até que ocupam toda a região pubiana, inicialmente sem atingir as virilhas e posteriormente ocupando também essa região. Os pelos axilares surgem cerca de 1 ano após o início da puberdade.
O estrogênio e a progesterona começam a ter grande elevação nesse período, devido a produção de LH e FSH. Em função dessa elevação, principalmente do estrogênio, é frequente o surgimento de um corrimento incolor que se torna amarelado no contato com a roupa íntima e que não é acompanhado de nenhum outro sintoma associado. Isso pode acontecer de 1 ano a 6 meses antes da menarca, e é considerado normal. Também em decorrência dessa variação hormonal, as glândulas apócrinas (sudoríparas) começam a se manifestar, aumentando a sudorese e os odores corporais. A elevação da testosterona exerce efeito sobre as glândulas sebáceas, aumentando a oleosidade da pele, o que provoca acne em cerca de 80% dos adolescentes.
Em função do crescimento, assim como nos homens, o crescimento é distal proximal e tem um determinante genético e é influenciado por fatores hormonais. Porém, diferente dos homens em que 75% do cálcio total é produzido nessa fase, a mulher apresenta uma produção de 50% nela. A mulher tem uma média de crescimento de 8 a 9 cm ao ano nessa etapa de sua vida e após 2 anos de crescimento rápido as mulheres ganham em média de 5 a 7 cm a mais em seus tamanhos. Essa etapa de 2 anos, assim como nos homens, é chamada de estirão. Ele ocorre nos estágios M2 e M3 de Tanner, desacelerando em M4. Comumente na menarca, esse ritmo já está desacelerado, mas ainda acontece esse crescimento por 2 anos, em velocidade mais lenta, até o fechamento completo das epífises. Em relação à composição corporal, acontece o mesmo que nos homens, porém observa-se nas mulheres, um aumento da gordura corporal maior em relação ao ganho muscular em termos de proporção, o que é oposto no sexo masculino.
FONTE:
Medicina do adolescente, fundamentos e prática (Maria Sylvia de Souza Vitalle, Flávia Calanca da Silva, Aline Maria Luiz Pereira, Rosa Maria Eid Weiler, Sheila Rejane Niskier, Teresa Helena Schoen)
2 - Dentro do sistema reprodutor feminino, é importante ressaltar alguns órgãos e hormônios importantes. Assim como no masculino, o Hipotálamo e a Hipófise tem grande importância na produção de LH e LSH. Eles atuam diretamente nas gônadas, que nas mulheres são os ovários, e são responsáveis pela produção de Estrogênio e Progesterona, os hormônios sexuais femininos, e da gametogênese feminina.
Consideramos como parte do sistema reprodutor feminino, a vulva, o útero, os ovários e as mamas que apesar de não fazerem parte da reprodução em si, sofrem alterações importantes diante da gestação e serão responsáveis pela manutenção da vida da prole. A genitália feminina é coletivamente conhecida como vulva ou pudendo. Em sua anatomia, nas loterias podemos encontrar os lábios maiores ou grandes lábios, dobras de peles que possuam a mesma origem embrionária que o escroto nos homens, existe crescimento de pelos pubianos nessa região e possui uma função de proteção física. Medial e intermitente aos lábios maiores estão os pequenos lábios ou lábios menores. Estes são derivados dos tecidos embrionários que nos homens dão origem ao corpo do pênis, e não existe crescimento de pêlos nessa região e também exerce uma função de proteção física. O clitóris é uma pequena saliência de tecido sensorial erétil, situado na extremidade anterior da vulva, envolto pelos lábios menores e por uma dobra adicional de tecido equivalente embrionariamente ao prepúcio do pênis.
Ainda na vulva, encontramos a uretra, que abre-se para o ambiente externo entre o clitóris e a cavidade que recebe o pênis durante o ato sexual, chamada de vagina. Ao nascimento, a abertura externa da vagina está parcialmente fechada por um anel fino de tecido, chamado de hímen. Ele é externo a vagina, de modo que o uso de tampões durante a menstruação não o rompe. Porém este pode pode ser estirado durante atividades normais, por exemplo andar de bicicleta ou a cavalo, portanto não pode ser utilizado como um indicador preciso de virgindade feminina.
Ao adentrarmos a vagina, encontramos o colo do útero ou cérvice uterino, que se projeta ligeiramente para dentro da extremidade superior da vagina ou canal vaginal. O canal que passa por dentro do cérvice uterino ou canal cervical é revestido com glândulas mucosas, cujas secreções criam uma barreira entre a vagina e o útero. Este último, é o órgão responsável por receber o ovócito fertilizado e o local onde esse se fixa e se desenvolve durante a gravidez. O útero é oco e levemente menor que o punho fechado de uma mulher, ele é composto por três camadas de tecido: uma fina camada externa de tecido conjuntivo chamada de perimétrio, uma camada interna média espessa de músculo liso, denominado mesométrio e uma camada interna chamada de endométrio.
O endométrio consiste em um epitélio com glândulas que se aprofundam na camada de tecido conectivo situada abaixo, ele é o local o qual o embrião se fixa após a fecundação do ovócito. A espessura e as características do endométrio variam durante o ciclo menstrual. As células do revestimento epitelial alternadamente proliferam e desprendem-se, acompanhadas de uma pequena quantidade de sangramento no processo conhecido como menstruação.
Adjacente à camada uterina, estão as tubas uterina. São divididas em istmo, ampola, infundíbulo e fímbrias. Elas possuem de 20 a 25 cm de comprimento e um diâmetro aproximado de 4mm. Suas paredes possuem duas camadas de músculos lisos , uma longitudinal e uma circular, similar às paredes do intestino. Um epitélio ciliado reveste o interior das tubas. Elas transportam o ovócito por meio do movimento de líquido criado pelos cílios e auxiliado pelas contrações musculares. Caso um espermatozoide que esteja se movendo para cima na tuba uterina encontre um ovócito, a fertilização pode ocorrer naquele local. Na extremidade das tubas, podemos encontrar as fímbrias. Elas são aberturas ciliadas que são mantidas próximas ao ovário adjacente por tecido conjuntivo o qual auxilia que o ovócito liberado pelos ovários seja capturado para dentro da tuba e não cairá na cavidade abdominal.
As gônadas femininas, os ovários, são responsáveis por produzir hormônios e gametas, assim como os testículos nos homens. São duas estruturas elípticas, com cerca de 2 a 4 cm de comprimento. Cada um possui uma camada externa de tecido conectivo e uma estrutura de tecido conectivo interior, chamado de estroma. Grande parte do ovário é constituído por um espesso córtex externo preenchido por folículos ovarianos em diversos estágios de desenvolvimento ou de degradação. A pequena medula central contém nervos e vasos sanguíneos.
Os ovários, assim como os testículos, produzem gametas e hormônios, porém diferente dos homens, o ciclo hormonal na mulher é mais complexo. O ciclo ovariano é dividido em 3 fases: Fase folicular, ovulação e fase lútea, ele é controlado primariamente por vários hormônios: GnRH, FSH, LH, estrogênio, progesterona, inibina e AMH. Na fase folicular, o aumento de FSH e LH influência no desenvolvimento do folículo embrionário e este produz estrogênio que estimula o crescimento do endométrio até o momento que acontece a ovulação. Neste momento, existe um pico de estrogênio, LH e FSH logo antes da ovulação acontecer. Após a ovulação, o nível desses hormônios caem e o corpo lúteo liberado produz progesterona e estrogênio que, caso não aconteça a menstruação, estimula a descamação do endométrio com a queda de suas produções. O início da menstruação marca o início do ciclo menstrual.
FONTE:
Fisiologia Humana, uma abordagem integrada (Dee Unglaub Silverthorn)
Assim como na gametogênese masculina, na gametogêneses feminina as células germinativas das gônadas embrionárias primeiro sofrem uma série de divisões mitóticas que aumentam o seu número. Após isso, as células estão prontas para sofrer meiose, o processo de divisão celular que forma os gametas. No ovário, as células germinativas são chamadas de ovogônias. A ovogônia completa a mitose e o estágio de duplicação do DNA da meiose no quinto mês de desenvolvimento fetal, enquanto o indivíduo ainda está no útero da mãe, dando origem aos ovócitos primários (4n). Ao nascimento, cada ovário contém cerca de meio milhão de ovócitos primários. As evidências mostram que, neste momento, a mitose das células germinativas cessam e nenhum ovócito adicional pode ser formado.
No ovário, a meiose não é retomada até a puberdade. Se um ovócito primário se desenvolve, ele divide-se em duas células, um grande ovo (ovócito secundário) e um pequeno primeiro corpúsculo polar. Apesar da diferença de tamanho, tanto ovócito secundário como o corpúsculo polar contém 23 cromossomos duplicados (2n), o primeiro corpúsculo polar degenera. Caso o ovócito secundário seja selecionado para a ovulação, a segunda divisão meiótica ocorre imediatamente antes de o ovócito ser liberado do ovário. As cromátides-irmãs separam-se, mas a meiose é interrompida mais uma vez. A etapa final da meiose, na qual cada cromátide-irmã vai para células separadas, não ocorre se o ovócito não for fecundado. Ou seja, se o ovócito não for fertilizado, a meiose nunca será completada e o ovócito degenera. E se o espermatozoide tiver sucesso em fecundar o ovócito, o passo final da meiose ocorre. Metade das cromátides irmãs permanecem no ovócito fecundado, chamado de zigoto, e a outra metade é liberada, chamada de segundo corpúsculo polar (n). Este, degenera-se como o primeiro. Diferente da meiose masculina, em que cada espermatócito primário dá origem a 4 espermatozoides, cada ovócito primário dá origem a somente um ovo.
FONTE:
Fisiologia Humana, uma abordagem integrada (Dee Unglaub Silverthorn)
4 - A gravidez precoce, implica em riscos físicos e psicológicos para a criança e ou adolescente. Para que ocorra a gravidez, a mulher deve já estar no estágio de ovulação. Porém esta não precisa ter tido a menarca para que a gravidez aconteça. Caso o desenvolvimento da puberdade não tenha sido completada, a gravidez pode trazer diversos riscos para a mulher, uma vez que seu corpo ainda não está preparado para gerar uma vida. a gravidez precoce aumentará o risco de morte materna e infantil, bem como o risco de parto prematuro, anemia, aborto espontâneo, eclâmpsia e depressão pós-parto. Já se a puberdade tiver sido completa, a gravidez ainda pode trazer riscos psicológicos para a adolescente. Como consequência dessa gravidez, podemos ter:
Mudanças emocionais: A gravidez na adolescência pode levar a uma série de mudanças emocionais e problemas, tais como, a ansiedade e depressão pós-parto podem surgir.
Impacto na educação: A gravidez precoce ou gravidez na adolescência, pode levar ao adiamento ou comprometimento dos projetos educacionais, especialmente entre as famílias com renda mais baixa.
Fortalecimento da permanência na escola: Curiosamente, alguns estudos sugerem que a gravidez na adolescência pode fortalecer a permanência da jovem na escola, uma vez que a escolaridade está associada, na concepção desses jovens, às noções de mobilidade social e ao projeto de “ser alguém na vida”.
Dependência financeira: Pode resultar em dependência financeira absoluta da família, principalmente entre as famílias com renda mais baixa.
FONTE:
https://www.desenvolvimentosocial.sp.gov.br/
SciELO - Brasil - Gravidez na adolescência: um olhar sobre um fenômeno complexo Gravidez na adolescência: um olhar sobre um fenômeno complexo
SciELO - Brasil - Consequências da gravidez na adolescência para as meninas considerando-se as diferenças socioeconômicas entre elas Consequências da gravidez na adolescência para as meninas considerando-se as diferenças socioeconômicas entre elas
5 - Existem diversos métodos contraceptivos que podem ser utilizados pelas mulheres para evitar a gravidez, porém este pode não ser o único propósito deles. Entre os métodos anticoncepcionais disponíveis no Brasil, podemos listar alguns mais comuns, dentre eles estão:
Abstinência sexual total: Consiste na ausência do ato sexual. Este método possui eficácia de 100% e não existem registros na ciência de partenogêneses em humanos.
Tabelinha: Consiste na abstinência sexual durante o período não fértil dentro do ciclo menstrual da mulher, este método tem uma eficiência de 95% segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) se utilizado de forma correta e a mulher tiver o ciclo menstrual regular.
Coito interrompido: Consiste em interromper o ato sexual antes da ejaculação. Possui baixa eficiência, pois pode existir espermatozoide no líquido pré ejaculatório.
Diafragma: É um método de barreira, consiste em uma membrana de borracha que geralmente é preenchida por um espermicida e colocada no topo da vagina para cobrir o colo do útero. Uma vantagem do diafragma é que ele não é hormonal. Tem alta eficácia, que fica entre 97% e 99%.
Camisinha: Consiste em um método de barreira que tem como objetivo coletar o esperma ejaculado e impedir seu acesso a vagina e ao útero da mulher. A vantagem adicional da camisinha é que além de ser um método não hormonal, possui uma versão masculina e feminina, protege contra diversas DSTs e tem um baixo custo. A sua eficácia é em média 98% segundo a Febrasgo.
DIU: É um dispositivo intrauterino implantado dentro da cavidade uterina onde matam os espermatozoides e causam uma leve reação inflamatória que impede a implantação do zigoto. Existem DIUs hormonais e não hormonais, sendo este primeiro com maior eficiência (99,8%) e o segundo com uma eficiência também alta porém ligeiramente menor (99,5%) segundo os dados da Febrasgo. O DIU atualmente pode ser envolto tanto por cobre, prata ou aço inoxidável.
Contraceptivo oral: os contraceptivos orais, ou pílulas podem ser divididos em 2 categorias. As pílulas de controle e as pílulas emergenciais. As pílulas de controle são contraceptivos hormonais que são tomados regularmente com o intuito de impedir a ovulação. Podem ser combinados possuindo estrogênio e progesterona ou possuir somente um desses hormônios em sua composição, geralmente a progesterona. As pílulas emergenciais, comumente chamadas de pílula do dia seguinte, são contraceptivos hormonais com o intuito de serem tomados após a relação sexual para prevenir a nidação. Ela pode funcionar de diferentes maneiras dependendo do momento do ciclo menstrual que for tomada. Ela pode atrasar ou inibir a ovulação, tornar o muco cervical mais espesso e afetar o revestimento do útero para dificultar a implantação do óvulo fecundado. É um método com muitos efeitos colaterais, possui uma eficácia baixa em relação aos outros métodos e se tomada constantemente, além de perder sua eficiência, ainda pode acarretar em diversos prejuízos para a saúde da mulher devido às altas doses de hormônio contido nela.
Contraceptivo injetável: Funcionam como a pílula anticoncepcional, porém são injetáveis ao invés de orais.
Esterilização: Consiste no método de impedir o óvulo ou o espermatozoide de continuar o caminho pelo canal deferente ou as trompas. Na mulher, o método é chamado de laqueadura e consiste em fechar a passagem das tropas para que o óvulo e o espermatozoide não se encontrem.No homem é chamado de Vasectomia e consiste em fechar o canal deferente do homem para impedir a passagem do espermatozoide.
Dentre os métodos contraceptivos apresentados, somente a camisinha tem alta eficiência na proteção contra diversas DSTs. Porém é importante ressaltar que existem DSTs que nem mesmo a camisinha demonstra uma proteção total.
FONTE:
Medicina do adolescente, fundamentos e prática (Maria Sylvia de Souza Vitalle, Flávia Calanca da Silva, Aline Maria Luiz Pereira, Rosa Maria Eid Weiler, Sheila Rejane Niskier, Teresa Helena Schoen)
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/direitos_sexuais_reprodutivos_metodos_anticoncepcionais.pdf
6 - A interrupção da gravidez, também conhecido como aborto, é caracterizado pela remoção do embrião antes da gestação se completar, o que resulta em sua morte. O aborto pode ser de dois tipos: Induzido ou espontâneo. No qual o primeiro é feito por algum procedimento médico ou não, seja ele físico ou químico. O segundo é quando o próprio organismo expulsa o embrião do corpo da mulher.
No Brasil, o aborto é considerado crime contra a vida humana, previsto pelo Código Penal Brasileiro, desde 1984. Porém, algumas situações, este não é considerado crime, são estas: Gravidez que representa risco de vida da gestante, gestação resultado de estupro ou quando o feto for anencefálico. Também não é considerado crime, o aborto realizado fora do território nacional.
A ilegalidade do aborto induzido, aparenta ser o maior problema que o aborto trás para a sociedade Brasileira. Muitas pesquisas realizadas são baseadas em empirismo e possuem pouca comprovação científica. Os resultados confiáveis das principais pesquisas sobre aborto no Brasil comprovam que a ilegalidade traz consequências negativas para a saúde das mulheres, pouco coíbe a prática e perpetua a desigualdade social. O risco imposto pela ilegalidade do aborto é majoritariamente vivido pelas mulheres pobres e pelas que não têm acesso aos recursos médicos para o aborto seguro. O que existe de sério e científico no campo da discussão do aborto no Brasil, sustenta a tese de que o aborto é uma questão de saúde pública.
Existe uma grande dificuldade em calcular o número de abortos realizados no Brasil, devido ao acesso a dados fidedígnos, uma vez que a ilegalidade do ato dificulta o processo de coleta de informações. Em finais dos anos 1980, foi testada a técnica de resposta ao azar para estimar a indução do aborto em uma ampla amostra populacional de mulheres. Por meio da abordagem direta, encontrou-se a incidência de 8 abortos a cada 1.000 mulheres, ao passo que, com a técnica de resposta ao azar, chegou-se a 42 a cada 1.000, ou seja, uma incidência cinco vezes superior. Essa diferença demonstra a dificuldade da coleta de dados.
O aborto induzido expõe a mulher a riscos e complicações severas. Tais riscos variam consideravelmente, de acordo com as circunstâncias nas quais é feito o aborto. Ao mesmo tempo, as pesquisas médicas mostram que, quando realizado em boas condições, o risco de complicações do aborto torna-se muito pequeno. O aborto clandestino trás grande riscos, pois as complicações são diversas. As mulheres que fazem aborto clandestinos podem ter perfuração do útero, retenção de restos de placenta, seguida de infecção, peritonite, tétano, e septicemia. As sequelas ginecológicas incluem a esterilidade e também inflamação das trompas e sinéquias uterinas. A falta de dados fidedignos dificulta um pouco informações concretas, porém a experiência internacional aponta que existe redução das complicações
quando o aborto é legalizado.
Existem dois tipos de aborto-induzido realizado, o medicamentoso e o físico. No aborto físico, o feto é removido fisicamente pela pessoa quem vai realizar o procedimento. É o procedimento mais arriscado e pode trazer danos sérios para a mulher. Este método é comumente utilizado quando a gestação está mais tardia ou quando existe uma baixa condição sócio-educacional por parte da mulher e/ou do indivíduo que está realizando o procedimento. Já no aborto medicamentoso, utiliza-se uma substância que irá induzir o útero a fortes contrações, que no processo irá eliminar o feto. A substância de uso mais comum é o Misoprostol, e este foi demonstrado em algumas pesquisas como consideravelmente seguro (99% dos procedimentos realizados em ambientes hospitalares ou clínicos foram realizados sem complicações graves) se realizado até o 3º mês ou 12ª semana de gestação.
O aborto induzido pode trazer grandes complicações psicológicas para a mulher a quem o realiza. Essas complicações são bem semelhantes às de uma gravidez precoce, e por isso recomenda-se um acompanhamento psicológico pré e pós aborto para essas mulheres. Também existem registros de um risco de aumento de ideação suicida, alcoolismo e TEPT.
Maiores estudos ainda são necessários nessa área para que dados mais precisos possam ser levantados. Mas é possível concluir, frente aos poucos dados reais que temos acesso e aos dados de países que legalizaram o aborto recentemente podemos perceber que a ilegalidade é o maior risco que o tema possui, pois mulheres com baixa condição financeira e acesso a educação continuarão realizando o procedimento com métodos rudimentares e em locais insalubres, colocando suas vidas em risco.
FONTE:
https://www.scielo.br/j/csp/a/WgZjYMgg5kYvDCsy6KyLdMM/?lang=pt#:~:text=As%20complica%C3%A7%C3%B5es%20do%20aborto%20clandestino,das%20trompas%20e%20sin%C3%A9quias%20uterinas.
https://www.scielo.br/j/sess/a/wjh8P6Qdtdc788HL355myrR/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/csp/a/w6BxH8dbhhwCbnr9qR7cz5h/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/rbgo/a/GFq4krFBJYgQn3GzhCQ9rBb/?lang=en
https://www.scielo.br/j/dados/a/DScs3BjB3zWtLYdgC9m4fjx/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/rbsmi/a/QsMwHDx3YQbTPKxp8FsgQ8p/?lang=en
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/livro_aborto.pdf
7 - O aborto induzido é um tema complexo, polêmico e controverso, que encontra sua complexidade em valores religiosos e a ética moral que batem de frente com o significado da vida para a religião. Quando falamos da religião, não estamos sendo restritos aos cristãos, mas vamos ressaltar estes pelo fato de sua grande influência política e ideológica frente a esse tema no Brasil, uma vez que grande parte da população brasileira se considera cristã. Para discutirmos e analisarmos como a religião impacta nessa temática no Brasil, precisamos buscar algumas informações importantes, tanto na história como nos tempos atuais. Temos que entender a história da igreja católica, como esta teve impacto na ciência e na política nos ultimos 2 mil anos, quais os valores cristãos que entram em conflito com o aborto e o significado e a importância do estado laico.
Acredita-se que a igreja católica foi criada por volta do ano 30 d.c no império romano, por Jesus, porém sua criação real é de difícil precisão uma vez que não existem registros históricos confiáveis para confirmação. O que se sabe, é que historicamente em 380 d.c, a religião católica foi considerada a religião oficial do império romano, e com a queda do império romano, quase 100 anos depois, Roma se tornou o centro do catolicismo. Em 756, o líder da igreja católica na época, tornou roma oficialmente o núcleo da religião católica e outorgou o poder político e religioso às regiões em volta. Com o crescimento do poder monetário, político e religioso da igreja, logo o catolicismo se difundiu por toda a Europa e seus dogmas e crenças foram sendo forçados sobre a população da época.
A igreja condenava fortemente a ciência e as pesquisas científicas que não defendiam ou comprovavam exatamente o que a igreja pregava. Cientistas e pesquisadores eram perseguidos e ou mortos caso questionassem a verdade absoluta da igreja. Vários pesquisadores, como Copérnico, Galileu, Giordano Bruno, Kepler foram mortos, torturados ou perseguidos pela igreja devido ao exercício da ciência, que comprovara várias vezes os erros cometidos pela igreja e pelas crenças cristãs. A idade média foi um período de estagnação do progresso científico, da pesquisa e do desenvolvimento médico que fosse contra qualquer dogma ou crença cristã da época.
Nos dias atuais, a igreja já não possui poder político e o estado é Laico. A definição de estado laico é a de que o ordenamento jurídico e político de um país não pode se vincular a nenhum credo religioso, não pode preterir ou privilegiar crenças e deve respeitar a liberdade da crença ou a não crença de igual forma. Desta maneira, o Estado não pode se vincular a dogmas e crenças de viés religioso para determinar ou efetivar suas leis, regras e regulamentações.
O aborto é um assunto, que dentro de um estado Laico, pode ser discutido livremente. Este tema gera vários debates e conflitos entre religiosos e não religiosos. Existem diversos motivos para que essa discussão aconteça, mas a principal é o conflito entre o aborto induzido e a crença religiosa de que a vida deve ser preservada, uma vez que deus quem a concedeu, e o féto que está sendo gerado seria uma vida, ou seja, o aborto seria um assassinato. A ciência, já argumenta contra essa ideia, dizendo que a vida consciente só pode ser considerada no momento que existe o desenvolvimento de um sistema nervoso central, onde aquele feto poderá ser capaz de sentir, pensar e organizar sinapses nervosas que condizem com a vida humana que conhecemos no dia a dia, e aquele embrião nada mais é do que uma possibilidade de vida, não diferente de um óvulo expelido ou um espermatozoide que não chega a um óvulo.
Desta maneira, os cristão defendem que o aborto induzido deva ser proibido, uma vez que uma vida seifada é uma afronta a deus e seus ensinamentos. Ja ciência defende que mais estudos precisam ser feitos para definir até qual mês de gestação o aborto poderia ser feito sem realmente ferir um ser que possui consciência e capacidad de sentir. Este conflito acontece pois, apesar de o estado ser considerado Laico, a grande maioria dos líderes que regem o estado são pessoas com viés religioso, e acabam gerindo de forma a definir as leis e as regras do país de acordo com suas crenças. Pesquisas mostram a importância da legalização e regulamentação do aborto para impedir mortes de mulheres que se submetem ao procedimento em condições insalubres. A temática não deveria ser tratada como um assunto político, religioso ou moral e sim como uma questão de saúde pública. A barreira religiosa impede que a ciência avance, mesmo quando seus dados mostram resultados que contrapõem as crenças cristãs. Em um estado Laico, a ciência deveria ser soberana, dados científicos, comprovações por experimentação e análises estatísticas deveriam sempre estar acima de crenças não comprovadas e análises empíricas. A religião mata milhares de mulheres todos os anos, que tentam abortar sozinhas e não possuem recursos para realizar um aborto seguro.
FONTE:
https://www.scielo.br/j/rpc/a/tQvf4sbWNsQDnM7KTzZjxsr/
https://www.scielo.br/j/ccrh/a/vVKt7f7zhnVYxg6LwH9R4Rw/
https://www.scielo.br/j/rs/a/nSmTnvT4gTNKWK7LdCJGbQs/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/ln/a/nw8CBhhMMJ56Jb9JZvgMhGc/?lang=pt
Após cada aluno compartilhar suas respostas, nosso redator ficou responsável em unir as respostas da turma e realizar uma nova síntese das questões, e essas foram as respostas finais, vou disponibilizar o arquivo em PDF: