Nesse semestre, em PMSUS, tive a chance de ter a mesma professora de HM e PMSUS. A incrível Thay, não poderia ter tido uma sorte maior que essa. Uma professora de excelência e que demonstra o conhecimento e habilidade para ministrar suas aulas. Começamos o semestre discutindo um pouco sobre nosso estagio, discussão essa que acontece no inicio de todas as aulas e que eu acredito ser de incrível importância, visto que no semestre passado, não tínhamos esse tipo de discussão!
Esse semestre, o foco foi no sus e suas diretrizes e organizações administrativas e econômica. Realizamos 2 atividades (sínteses) que irei trazer aqui no portifólio.
As perguntas da primeira oficina, foram:
1- Qual a diferença entre o sistema universal e a cobertura universal?
2- Quais são e como funciona os atributos da APS?
3- Discorra sobre APS seletiva?
4- Como é organizado e realizado a distribuição das verbas para o sistema de saúde do Brasil?
5- O que foi discutido em alma-ata ainda é aplicável para o atual sistema de saúde Brasileiro? Por que?
RESPOSTA:
1 -
A diferença fundamental entre sistema universal e cobertura universal reside na concepção de saúde e cidadania. Um sistema universal de saúde, como o SUS, visa garantir o acesso integral à saúde para todos os cidadãos, independentemente de sua condição socioeconômica, através de uma rede integrada de serviços públicos. A cobertura universal, por outro lado, foca na garantia de acesso a um conjunto básico de serviços de saúde, muitas vezes através de mecanismos de mercado, como seguros de saúde, o que pode levar à exclusão de populações vulneráveis e à fragmentação do sistema.
Em suma, o sistema universal se baseia na noção de saúde como um direito social e na cidadania plena, enquanto a cobertura universal se ancora em uma visão mais limitada de saúde como um bem de consumo e em uma cidadania residual.
Cobertura universal de saúde: um desafio para o Brasil - SciELO
Ministério da Saúde - SUS: Princípios e Diretrizes
2-
Os atributos da Atenção Primária à Saúde (APS) são características essenciais que definem sua atuação e garantem um cuidado abrangente e de qualidade à população. Os quatro atributos essenciais são: primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e coordenação.
O primeiro contato, se refere ao que a APS deve ser a porta de entrada preferencial do usuário no sistema de saúde, oferecendo atendimento resolutivo para a maioria das queixas e direcionando para outros níveis de atenção quando necessário. Quando falamos de longitudinalidade, queremos dizer que a APS deve acompanhar o usuário ao longo do tempo, construindo um vínculo de confiança e permitindo a identificação precoce de problemas de saúde e a promoção da saúde de forma contínua. De integralidade, a APS deve oferecer um cuidado abrangente, considerando as dimensões biológica, psicológica e social do indivíduo, integrando ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação. E de coordenação, é a que a APS deve articular os diferentes serviços e níveis de atenção à saúde, garantindo a continuidade do cuidado e evitando a fragmentação do atendimento. O funcionamento desses atributos se dá através da atuação de equipes multiprofissionais, que trabalham de forma integrada e centrada no usuário, buscando a promoção da saúde e a prevenção de doenças, o diagnóstico e tratamento precoces, a reabilitação e a gestão do cuidado em todos os níveis de atenção.
Os atributos da Atenção Primária à Saúde: uma revisão da literatura Scielo
Ministério da Saúde - Política Nacional de Atenção Básica
3-
A APS seletiva é uma abordagem que contraria os princípios da universalidade e equidade do SUS, focando em grupos populacionais específicos, geralmente aqueles considerados de maior risco ou vulnerabilidade, em detrimento da atenção integral à saúde de toda a população. Essa prática pode levar à fragmentação do sistema, à exclusão de grupos não priorizados e à perpetuação de desigualdades sociais em saúde.
Em contraste, a APS abrangente e universal defendida pelo SUS, visa garantir o acesso e o cuidado integral a todos os cidadãos, independentemente de suas características individuais ou condições de saúde, promovendo a equidade e a justiça social. A APS seletiva, portanto, representa um retrocesso em relação aos princípios e diretrizes do SUS, comprometendo a efetividade e a sustentabilidade do sistema de saúde brasileiro.
Atenção Primária à Saúde Seletiva: um contrassenso no Sistema Único de Saúde SCielo
4-
A distribuição das verbas para o sistema de saúde no Brasil é organizada de forma tripartite, ou seja, envolve a União, os estados e os municípios. A União é responsável pela maior parte do financiamento, complementando os recursos dos estados e municípios, que também possuem percentuais mínimos de investimento em saúde definidos por lei. A transferência desses recursos se dá por meio de diferentes modalidades, como o Fundo Nacional de Saúde (FNS), convênios, contratos de repasse e termos de cooperação. O FNS é o principal mecanismo de financiamento do SUS, recebendo recursos da União e repassando-os aos estados e municípios de acordo com critérios como população, perfil demográfico, indicadores de saúde e necessidades regionais. Apesar da estrutura tripartite, a distribuição das verbas ainda enfrenta desafios, como a desigualdade regional na alocação de recursos e a dificuldade em garantir a equidade no acesso aos serviços de saúde em todo o país, além da corrupção, principalmente o desvio de verba e superfaturamento de obras.
Financiamento do Sistema Único de Saúde: desafios e perspectivas SCielo
Ministério da Saúde - Portal da Transparência
5-
Sim, o que foi discutido em Alma-Ata, em 1978, ainda é extremamente aplicável ao atual sistema de saúde brasileiro. A Declaração de Alma-Ata estabeleceu a Atenção Primária à Saúde (APS) como estratégia central para alcançar a "Saúde para Todos no Ano 2000", enfatizando a necessidade de um sistema de saúde acessível, equitativo e baseado na comunidade.
Apesar dos avanços do SUS nas últimas décadas, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos em relação à cobertura e qualidade da APS, como a desigualdade no acesso aos serviços e a fragmentação da rede de atenção. A Declaração de Alma-Ata continua relevante ao reforçar a importância da APS como alicerce do sistema de saúde, promovendo a integralidade do cuidado, a participação social e o enfrentamento dos determinantes sociais da saúde.
Alma-Ata, 40 anos depois: a relevância da Atenção Primária à Saúde para o Brasil - Revista Brasileira de Educação Médica (SciELO)
Organização Mundial da Saúde - Declaração de Alma-Ata
A segunda atividade , também tivemos que responder a algumas perguntas, que foram discutidas em sala e depois realizamos a discussão das respostas entre os colegas.
PERGUNTAS:
1- Como foi feita a transição do modelo hierárquico para o modelo poliárquico?
2- Como o modelo poliárquico se relaciona com o trabalho em equipe na APS?
3- Como o primeiro contato do paciente influencia nos demais atributos da Atenção Primária?
4- Quais as atribuições gerais dos colaboradores da Equipe de Saúde da Família?
5- Qual a diferença entre o trabalho multidisciplinar e o interdisciplinar? E quais suas aplicabilidades dentro da APS?
6- Qual a diferença de UBS para APS? (Questão extra)
RESPOSTAS:
1 - A transição do modelo hierárquico para o modelo poliárquico na APS ocorreu devido à necessidade de um sistema mais resolutivo e próximo à população, buscando horizontalizar a relação entre os diferentes níveis de atenção e colocando a APS como coordenadora do cuidado e porta de entrada preferencial do sistema.
2 - O modelo poliárquico facilita o trabalho em equipe na APS, pois exige a integração de diferentes profissionais de saúde para um cuidado integral e longitudinal dos pacientes.
3 - O primeiro contato, um dos atributos da APS, é crucial para a efetividade do cuidado, influenciando diretamente na longitudinalidade, coordenação e integralidade da atenção. Um primeiro contato efetivo garante acompanhamento ao longo do tempo, coordenação do cuidado entre os diferentes níveis de atenção e uma atenção integral às necessidades de saúde do paciente.
4 - Na Equipe de Saúde da Família, cada profissional possui atribuições específicas, que se complementam no cuidado ao paciente. O médico realiza consultas, diagnósticos e tratamentos, o enfermeiro acompanha pacientes com doenças crônicas e administra medicamentos, e o agente comunitário de saúde atua como elo entre a equipe e a comunidade, realizando visitas domiciliares e identificando as necessidades de saúde da população.
5 - O trabalho multidisciplinar se caracteriza pela atuação individual de cada profissional, sem interação entre as áreas. Já o trabalho interdisciplinar preza pela troca de saberes, construção compartilhada de planos de cuidado e tomadas de decisão conjuntas, essencial na APS para um atendimento integral e resolutivo.
6 - A Unidade Básica de Saúde (UBS) é o local físico onde a APS é ofertada, enquanto a APS representa um conjunto de ações e serviços que visam atender as necessidades de saúde da população de forma integral e contínua.
FONTES:
Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.
saude.gov.br
Por fim, nos foi dado dois vídeos e pediram para realizarmos uma Narrativa sobre os episódios relacionando-os com as questões respondidas.
Narrativa:
No primeiro vídeo, pudemos observar duas coisas importantes: como pacientes podem ser agressivos, incompreensivos, agitados e mentirosos. E como médicos podem ser manipulados facilmente por pacientes. Os pacientes acabam tentando burlar o fluxo burocrático do atendimento primário para benefício próprio sem pensar nas dificuldades que isso pode gerar para outros atendimentos, todos pensam que devem ser os primeiros, que possuem uma emergência, mas cabe a equipe da UBS seguir com as normas para definir um processo de equidade do atendimento. É importante ressaltar também, o momento que é solicitado ao médico um medicamento pelo paciente para a filha, a qual estava sendo consultada, mas na realidade o medicamento era para ela. A médica receitou, correndo o risco de poder prejudicar uma pessoa sem saber que não era a paciente que utilizaria.
Outros pontos importantes que podemos observar em relação as perguntas estudadas, é como este modelo de organização do atendimento primário cria uma aproximação do paciente com a equipe de saúde e como o acompanhamento da evolução do paciente e dos retornos são importantes. Vemos que a médica tem sempre uma preocupação do bem estar da paciente, mesmo que em alguns momentos, outros membros da UBS não compartilhem da mesma observação.
Vemos também que a médica, está mais preocupada em tratar a doença do paciente, ao invés de tentar entender o paciente como um todo. A vida dela, as relações familiares. Assim, ela não se preocupa em como os exames podem influenciar na vida pessoal da paciente, no fato de ela ser criança. A médica também perde a oportunidade de entender os aspectos da vida da criança que podem estar influenciando nos sintomas da criança, como um abuso.
Frente a tudo isso, conseguimos observar a importância de uma política de saúde no qual a relação paciente/agentes de saúde é importante, pois pode proporcionar um melhor entendimento da saúde do paciente e do bem estar dele. Focar na doença é uma estratégia antiga, que vem caindo em desuso e, que apesar de eu discordar dela, o modelo de saúde brasileiro e meus colegas acreditam que este modelo é o melhor. No meu ver, tratar a doença e proporcionar as melhores condições de saúde para o paciente é o mais importante. Entender a dinâmica da vida do paciente nada mais é do que uma ferramenta para tentar tratar e entender a doença. Mas essa é somente minha opinião, talvez ela mude no decorrer do curso, mas talvez ela não mude. Até la, acredito que quero me tornar um médico muito diferente desses que são retratados na série.
No segundo vídeo, vemos primeiro um preconceito frente a UBS e a dificuldade de aceitação da equipe de um membro novo. Também é importante ressaltar, a falta de comunicação de uma médica sem experiência em um ambiente de UBS frente a um médico experiente em lidar e conectar com os pacientes da comunidade. Também conseguimos observar certos problemas comuns da saúde brasileira, como falta de mão de obra, investimento e estrutura.
Conseguimos também, observar a falta de comunicação com o paciente e família, e a dificuldade de entender como os hábitos do paciente podem estar influenciando na doença. É como eu disse, é uma importante ferramenta, conhecer bem a rotina e o paciente para conseguir tratar com efetividade a doença dele. A médica parece negligenciar essa ferramenta importantíssima que é a conexão com o paciente, para entender a vida dele.
Conseguimos observar, em relação aos nossos estudos, como a organização da UBS, o atendimento multidisciplinar. Como a opinião dos médicos divergem e como aquele que se preocupou mais com o entendimento do paciente em vez dos exames, teve a posse de mais dados relevantes do que a médica que queria fazer exames e mais exames e encaminhamentos, tornando a vida do paciente mais burocrática e postergando sua melhora.
No final, preciso fazer minhas considerações sobre essa matéria, esse portifólio e sobre minha professora. Em relação a matéria de PMSUS, eu vejo a importância dela, eu entendo como é importante a saúde no país, sua estrutura e o entendimento da dinâmica que ocorre nele. Mas eu não vejo essa matéria tendo um peso significativo no meu futuro como médico, somente como pessoa. Como médico, eu pretendo, de verdade, nunca mais entrar em uma UBS/hospital publico/UPA etc. A não ser para coletar dados. Eu pretendo ser um médico pesquisador e ter uma clínica. Minha residência provavelmente será pela rede privada. Então ao meu ver, na minha formação como médico, essa matéria tem quase nenhum valor, mas mesmo assim se eu tivesse a opção de faze-la ou não, eu escolheria fazer. Apesar de não me acrescentar academicamente, essa matéria me acrescenta muito como pessoa. Eu aprendo cada vez mais sobre o sistema de saúde e vejo sua importância, não só nas nossas discussões, mas como no estágio. Eu acho muito importante o aprendizado e o incentivo a médicos conhecerem mais sobre o SUS. Bem, o que é bem oposto ao portifólio, que não vejo nenhuma relevância acadêmica, pra minha vida e pra vida de ninguém. Eu só faço essa m***a por que, se eu não o fizer, eu não formo. Pra mim não existe nada mais inútil do que a construção disso aqui, não me agrega em nada, não me ajuda a estudar e se eu tivesse a opção de não fazer, eu não faria. Já a minha professora, a Thay, não consigo descrever o quão excepcional ela é, sempre muito atenta as necessidade dos alunos, auxilia nas nossas dificuldades, traz discussões legais para a sala, nos incentiva a pensar, discutir e ainda trás críticas construtivas para que possamos sempre melhorar! Ela só precisa melhorar a letra dela no quadro, mas é só 1 detalhe que é ofuscado pela profissional brilhante que ela é!